Muitas vezes vemos ateus comprarem argumentos há muito envelhecidos dos inimigos de Cristo, confirmando a regra de que os erros, assim como o pecado, podem se repetir ciclicamente; daí a necessidade de vigilância.
Um desses erros é de que a “noção de que Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus” teria vindo da pena de São Paulo (algo desse erro parece se insinuar entre certos grupos modernistas dentro da Igreja); obviamente isso é um absurdo, típico de quem desconhece o desenvolvimento do cristianismo, e isso até mesmo de um modo básico, já que a reta noção do que é Tradição joga para o espaço esse tipo de coisa.
Para ajudar na resposta a tal equívoco, vou publicar aqui a tradução de uma “pergunta e resposta” feita na This Rock Magazine em 2013, que o professor Carlos Martins Nabeto publicou no Facebook ao longo do corrente ano (fiz só algumas sistematizações nas citações bíblicas):

PERGUNTA: O que vocês respondem quanto à alegação de que o Cristianismo foi inventado por Paulo e que ele divinizou Jesus?
RESPOSTA: Responderíamos que isso é contrário ao próprio testemunho de Paulo, de que a sua mensagem foi meramente transmitida pelo Senhor (cf. I Coríntios XI, 23); e inclusive contra à advertência que ele fez aos seus ouvintes, para que tomassem cuidado com aqueles que procuravam “perverter o Evangelho de Cristo” (Gálatas I,7).
Há dois pontos a serem considerados aqui:
1°) Um ser humano não tem capacidade de “divinizar” ninguém: ou alguém é Deus ou não é.
O ensino central cristão da divindade de Jesus deve ser examinado com base nos méritos dos próprios ensinamentos de Jesus sobre Si mesmo (p.ex.:, João VIII, 53-59) e nos méritos da prova definitiva da sua afirmação: a sua ressurreição. O testemunho de Paulo sobre Cristo é bem-sucedido ou fracassa se Cristo ressuscitou (cf. I Coríntios XV, 14), não se ele “divinizou” Cristo.
2°) Vamos supor – só para fins de argumentação – que Paulo tivesse sido responsável por inventar as doutrinas características do cristianismo. Se esse fosse o caso, deveríamos esperar encontrar os escritores dos Evangelhos citando Paulo direta ou indiretamente. Isso seria especialmente verdadeiro para Lucas, que era amigo e discípulo de Paulo (cf. II Timóteo IV, 11). Porém, em nenhum lugar encontramos os evangelistas citando Paulo, direta ou indiretamente, ao escrever sobre Cristo ou sobre as doutrinas que Cristo ensinou e que se diferenciavam do judaísmo do primeiro século.