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O coração dividido do Vaticano II

De Joathas Bello:

Interpretar o CVII como “modernismo” simplesmente, como faz boa parte do tradicionalismo, é um erro de avaliação teológica que não permite entender bem o presente ou como se dará (como está se dando) a “guerra no Céu”.

Uma coisa é que a nouvelle théologie como expressa nos textos possa conduzir ao modernismo; outra, que o sentido da nouvelle théologie seja exata ou rigorosamente este.

O modernismo é una capitulação ao mundo, é o fruto de um coração apóstata.

A nouvelle théologie é efetivamente a obra de um coração dividido, que, a princípio, quer sinceramente servir a Deus e quer contemporizar com o mundo. É fruto de uma Fé inicialmente sincera, de um desejo de fugir ao teor modernista, mas marcada por uma Esperança e Caridade débeis, e contaminada por um falso misticismo humanista, que continuou acreditando na boa intenção da apologética modernista.

Mas não se pode servir a dois senhores, pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro.

Essa divisão é a ambiguidade conciliar. Ela não é simplesmente o efeito de uma “tentativa de enganar”, ela é o fruto de um autoengano. No mínimo negligente, também ou principalmente por parte dos Bispos, e não só dos peritos.

Os documentos são ambíguos como frutos de uma tensão real entre a tentativa de agradar a Deus e o mundo.

E as 2 “hermenêuticas”, a da Concilium (“ruptura”) e a da Comunnio (“reforma em continuidade”) são efetivamente o início do reconhecimento da necessidade de unir o coração em torno de um só senhor.

Uma “hermenêutica da reforma em continuidade” que seguisse até o fim o caminho traçado por Bento XVI reencontraria, sem tanto trauma, a Tradição, num ponto melhor que o do pré-CVII (porque os poucos ensinos formais do CVII em LG, DV e SC são bons e uma útil atualização no contexto tradicional; e seria boa uma reforma pastoral do rito romano tradicional que mantivesse sua estrutura intacta).

O caminho atual é a assunção da hermenêutica progressista da ruptura, a capitulação ao mundo, a apostasia de 1/3 dos anjos do Céu, que perderão a guerra e serão expulsos pelos 2/3 que recuperarão a plenitude da expressão da Fé e da unidade católica, a qual não irá mais se perder.

Depois virá o fim.

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