No meio de um debate sobre o fim do celibato obrigatório lá no Orkut, surgiu um diálogo bem interessante entre os confrades Karlos e Vitola (Karlos reclamava da postura da Igreja ao possibilitar a ordenação de pastores protestantes casados):
Karlos: Eu sempre enraiveço quando vejo que os hereges têm mais regalias (quando se convertem) que os sempre fieis!
Vitola: Se reduzes tudo a um critério de “regalias” e “privilégios”, essa mentalidade é mundana.
Os hereges convertidos não têm regalias.
A tua atitude é igual à do filho fiel diante da conversão do filho pródigo: “pai, eu sempre fui fiel e tu não me dás um carneiro, nem me colocas anel no dedo, e, no entanto, para esse daí que dispersou teus bens e hoje volta, tu o fazes…”
Não te enraivece porque a Igreja é benevolente para com o filho que volta, meu caro, e mais benevolente do que para com os sempre fiéis.
Primeiro porque não somos, apesar de estar sempre na Igreja, sempre fiéis. Caímos muitas vezes. Nossa filiação à Igreja não é, de per si, garantia de nada.
Segundo porque nossas “regalias” serão dadas na outra vida, não nessa.
Se continuas a pensar assim, reflete de novo na parábola do filho pródigo, e muda os teus critérios, pois esses, que só enxergam na misericórdia “regalias”, são do mundo, não de Cristo.
É preciso que tenhamos também nós misericórdia. E isso vem com a vida espiritual SADIA e PROFUNDA, e não com um automatismo na recepção dos sacramentos ou do simples recitar de cânones tridentinos (não estou dizendo que és isso, apenas teorizando de modo genérico).