A decisão iníqua do STF sobre o aborto de anencéfalos continua a ser desafiada pela realidade. Na semana que passou morreu em Maceió Letícia Soares Rodrigues, uma natimorta na forma da jurisprudência de nossa Corte Superior!
Letícia tinha hidranencefalia, ou seja, seus hemisférios cerebrais não estavam presentes pois eram substituídos por sacos cheios de líquido cérebro-espinhal. Os portadores dessa doença em geral chegam só até os 3 anos de vida, mas ela chegou aos 15.
A vida de Letícia começou com uma série de rejeições. Ela foi abandonada no bairro do Vergel do Lago, na capital alagoana, e levada para um orfanato da cidade. Um casal chegou a dotá-la, mas depois de perceber que o bebê era portador da doença desistiu da adoção. Finalmente, aos seis meses, Letícia foi adotada pelo casal que acompanhou sua luta nessa década e meia.
Ela passou por oito cirurgias e viveu com alegria ao lado dos familiares, mesmo com várias limitações físicas.
Letícia foi um sinal de contradição para o hedonismo que marca o mundo contemporâneo, onde a falta do sentido do sacrifício nos levará a abismos cada vez maiores. Primeiro os mais fracos e sem voz são atingidos, depois o redemoinho da maldade chegará mais perto de nós. Pensem nisso.