Sexta-feira passada eu estava fazendo compras numa papelaria e encontrei um senhor conhecido meu da Sociedade de São Vicente de Paulo que estava na companhia de uma amiga, também idosa. Eles passaram a conversar enquanto esperávamos na fila do caixa, e aí eu ouvi o seguinte diálogo que me deu uma boa lição a ser sempre rememorada:
– Dona Maria, você foi ao médico?
– Fui sim. Mas não estou com catarata não.
– Que bom.
– Se é. Minha irmã teve de esperar ela cobrir o olho todo para fazer a operação. Ficou cega um tempo.
– Parece que hoje em dia não precisa disso não.
– Não sei… mas ver é tudo de bom. É o melhor que existe.
– É sim.
– E andar também… é uma alegria andar.
Aí ela olhou para mim é disse:
– Ver e andar é tão bom, né? É o que há de melhor.
Só pude balançar a cabeça concordando e pensei em como, às vezes, reclamo da vida sem o menor motivo sério, esquecendo de valorizar as coisas simples de que só sentimos a falta quando não as temos mais.