No mês de agosto deste ano, o confrade Joathas Bello publicou no Facebook uma série de postagens dando seu testemunho pessoal sobre como passou a enxergar e, depois, a lidar como chamado “problema Conciliar”. Considero que testemunhos pessoais, embora não substituam uma análise científica, são muitas vezes esclarecedores para o entendimento de um problema; assim, com autorização expressa do autor, compilei as referidas postagens no texto que segue abaixo.
Parte 1
Nunca pude duvidar da eficácia dos sacramentos da reforma litúrgica, porque, por exemplo, logo após minha Confirmação (1991), passei a viver de modo incomum o compromisso apostólico, a fidelidade aos mandamentos e a devoção espiritual, o que só poderia ser obra da Graça.
Anos se passaram, até que, em 2005, tomei conhecimento da controvérsia conciliar através da internet.
Como eu participava de uma nova comunidade conservadora, que se considerava “filha do Concílio”, e acentuava a vocação à santidade, o apostolado dos leigos, a piedade filial mariana, a Missa como Sacrifício do Calvário, e como essa comunidade fazia um apostolado frutuoso, eu não podia desconfiar dos problemas do CVII.
Eles não surgem à consciência num âmbito que vive a nova liturgia com decoro, que preza a oração, a coerência entre fé e vida, o apostolado, e que dá por suposta a “continuidade” [ignorando a crítica tradicionalista e o horizonte pré-conciliar].
Dito de outro modo: quando são “recepcionadas” as partes tradicionais do CVII ou quando ele é lido ingenuamente “à luz da Tradição” pelo senso sobrenatural da Fé, num ambiente tendente à ortodoxia, *o CVII não prejudica a Fé dos batizados*.
E nisto consiste fundamentalmente a *indefectibilidade real da Igreja* quanto ao tópico: num tal contexto de Fé, aquilo que é ambíguo, precário, novidade injustificada, mas que não é um erro frontal contra os artigos do Credo e os mandamentos, *não serve, por si mesmo, de pedra de tropeço* [sequer estas qualidades gramaticais ou lógicas negativas serão visualizadas]; será lido, em princípio, de modo católico [vide as primeiras impressões dos tradicionalistas D. Castro Mayer, Dietrich Von Hildebrand e Gustavo Corção], exceto por aqueles que de qualquer modo cairiam e aproveitaram ou tiveram a ocasião para manifestar o que já havia no coração.
Isto é um aspecto da questão.