Vejam, a natureza humana pode existir em seis estados:
1 – Estado de natureza pura: só se constitui das perfeições essenciais à natureza humana. Lutero, Baio e Jansênio negaram que fosse possível semelhante estado de natureza pura, mas a Igreja o afirma com certeza.
2 – Estado de natureza íntegra: além das perfeições essenciais à natureza humana, o homem possuiria dons preternaturais que o ajudariam a alcançar mais fácil e seguramente o seu fim natural. Tais dons preternaturais foram dados ao primeiro homem: a imortalidade corporal, a impassibilidade, a imunidade de concupiscência, etc.
3 – Estado de natureza elevada: além dos dons preternaturais, possui-se também o dom sobrenatural da graça santificante. Nesse estado, Adão foi criado.
4 – Estado de natureza caída: estado que se seguiu a perda da graça santificante e dos dons preternaturais, como castigo pelo pecado.
5 – Estado de natureza reparada: estado do homem reparado pela graça redentora de Cristo, em que se possui a graça santificante, mas não os dons preternaturais.
6 – Estado de natureza glorificada: é o estado daqueles que alcançaram a visão beatífica, que é o fim sobrenatural do homem neste e nos últimos três estados descritos. Compreende a graça santificante em toda sua perfeição, e, após a ressurreição, também os dons preternaturais de integridade, em toda sua perfeição.
Estados meramente possíveis:
1 – Estado de natureza pura
2 – Estado de natureza íntegra
Estados reais (ou realmente criados):
3 – Estado de natureza elevada
4 – Estado de natureza caída
5 – Estado de natureza reparada
6 – Estado de natureza glorificada
Em todos os estados reais, dependentes da doação da graça santificante, o fim sobrenatural do homem é a visão beatífica.
O homem, após a queda, encontrava-se no estado de natureza caída; após o batismo, encontra-se em estado de natureza reparada, ou seja, possui a graça santificante, que o torna semelhante a Deus, filho adotivo de Deus, capaz de vê-lo quando esta graça for transformada em glória.
– Rui Ribeiro Machado
7 respostas em “Natureza humana e seus estados”
Por que o estado de natureza pura foi negado por alguns protestantes?
E no estado de natureza pura, teríamos a concupiscência?
Devido a maneira como eles lêem a Revelação. Na medida em que não há referência a esse estado na Bíblia, então, para eles, não existe.
Eu não sei se no estado de natureza pura teríamos concupiscência. Vou pesquisar mais um pouco.
Karlos,
Acredito que sim, teríamos a concupiscência, ou o apetite sensível não totalmente submisso à razão, pois a sua submissão total à razão é um dom preternatural. Isso não significa que o homem pecaria necessariamente, mas que acabaria pecando. Contudo, ainda assim Deus poderia auxiliar o homem com graças naturais (que não o impeliriam à graça santificante, pois esta não seria dada) ou com a disposição das coisas pela Providência.
Seu pesquisar mais um pouco está demorando, Thiago… :p
Bem estou preparando um texto motivado por uma discussão com Silas e descobri que o que os nossos pais tinham era a concupiscência psicológica. Ou seja desejar um bem ou mal fáceis (apetite concupiscível) ou um bem ou mal difíceis (apetite irascível). Em si mesmo esse apetite é uma propriedade natural boa que pode, entretanto, servir ao bem ou ao mal.
Essa concupiscência ajudou Eva a desejar o fruto.
Agora quanto mais eu estudo esses dons preternaturais, mais percebo que é muito pouco falado e aprofundado, restando mais dúvidas que tudo.
Thiago, este texto não tem a etiqueta (tag) com o nome de Rui.
…
Rui, num estado de natureza pura, o destino de todos os homens seria a morte e, pois, o limbo?
Corrigido.