Um trecho da entrevista que o cineasta bielo-russo Sergei Loznitsa deu ao Jornal do Commercio (Recife, 25 de outubro de 2013) e que fala de algo que eu já tinha percebido, isto é, a extinção de um tipo humano:
– Em Minha Felicidade, seu primeiro filme de ficção, você contou várias histórias extremamente duras, que vemos como uma crítica à Rússia após a queda da União das Repúblicas Soviéticas. Em Na neblina, ao contrário, você se volta para um momento específico da 2ª Guerra Mundial, a partir de um romance de Vassil Bykov. Como você conheceu o livro e o que lhe despertou para filmá-lo?
– Gosto muito dos livros de Vasily Bykov. Eu li o romance Na neblina em 2000 e imediatamente senti que queria fazer um filme. Bykov descreve um tipo psicológico muito particular – que está quase extinto nos dias de hoje. O personagem principal, Sushenya, é um homem que valoriza a sua honra mais do que valoriza sua vida. Eu tive sorte o suficiente para encontrar essas pessoas em minha infância. Então, de certa maneira, este filme é uma homenagem a esses homens nobres e fortes, ainda que vulneráveis, que eu conheci, há muito tempo, na Bielo-Rússia.