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A esquerda sem princípios

Hoje pela manhã ao acordar notei que um ladrão tinha entrado durante a noite na minha casa – ou pelo menos em parte dela, a garagem – e roubado uma bicicleta que custei muito a comprar. Minha decepção foi grande, em especial pelo fato de que se eu o tivesse visto teria dado uma boa lição nele (na verdade, acho que foi mais de um). Mais tarde, na universidade ouvi uns alunos comentando sobre a “perseguição às esquerdas” no bojo das notícias envolvendo a “operação lava-jato”. Não pude, então, deixar de pensar na completa falta de caráter desse povo, que se considera um bastião da ética (já que pensa que “luta” pelos desfavorecidos), mas consegue ser condescendente e cego em relação à roubalheira dos petistas & Cia. Não vivo de roubo, luto para ter as minhas coisas e, naturalmente, fico revoltado quando elas são surripiadas; penso que essa seja a postura natural de qualquer pessoa com a cabeça no lugar. Agora, se é assim em relação aos bens individuais, pior em relação aos bens públicos. Como essas pessoas, tal qual os judeus de 2000 anos atrás que preferiram Barrabás, não se incomodam com o roubo? Como não se incomodam com pessoas ganhando milhões às nossas custas sem ter feito nada para isso? Certamente temos aí um problema espiritual (falta de um norte ético transcendental), mas também uma falta de ponderação sobre as consequências práticas do que se defende que está bem retratada no seguinte texto  publicado na Veja de 19 de março do ano passado:  

Imagine qual seria a reação se, em 1974, o general presidente do Brasil Emílio Garrastazu Médici ocupasse a tribuna diante da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, e afirmasse: “Temos que dizer aqui o que é uma verdade conhecida. Torturas, sim, temos torturado: torturamos e vamos continuar torturando enquanto for necessário”. Médice seria, justamente, execrado como um ditador. Em dezembro de 1964, porém, o argentino Ernesto Guevara, que com o apelido de Che ajudou Fidel Castro no triunfo do golpe comunista em Cuba, foi à ONU e confessou: “Nosotros tenemos que decir aquí lo que es una verdad conocida: fusilamientos, sí, hemos fusilado; fusilamos y seguiremos fusilando mientras sea necesario“. Já se passavam seis anos da tomada do poder pelos comunistas em Cuba, e Guevara confessava que continuava em plena operação e sem data para arrefecer sua máquina de assassinatos políticos na prisão de La Cabaña. Seis anos de execuções sumárias de vítimas que chegavam ao paredão exauridas, pois delas se tirava até parte do sangue para transfusões. Seis anos, e dissidentes continuavam sendo fuzilados. Guevara foi o único guerrilheiro a matar muito mais gente de mãos atadas e olhos vendados do que em combate – que, ao contrário da lenda, ele evitava ainda mais que o banho. Qual foi a reação naquele instante em que permanecia na audiência  uma maioria de representantes de países “não alinhados”, eufemismo para “pró-soviéticos”? Guevara foi aplaudido por 36 segundos. No New York Times do dia seguinte, o redator mesmerizado, fingiu que não ouviu a confissão de assassinato de Guevara, descrito como “versátil”, “economista autodidata” e “revolucionário completo”. A duplicidade ética não é uma exclusividade das esquerdas. Mas elas são inexcedíveis nesse truque, que apesar de velho, ainda funciona.. O ensurdecedor silêncio enquanto jovens mártires venezuelanos são torturados e mortos nas ruas é a prova disso.

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Uma resposta em “A esquerda sem princípios”

É curioso como relativizam tudo para falar de Cuba. A esquerda é histérica e burra. Quando a realidade é estampada, a culpa é da mídia, como se a janela fosse imputada pela feiura da paisagem.

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