Texto de Joathas Bello publicado originalmente no Facebook, que vem muito a calhar nos dias em que vivemos, nos quais restrições à celebração da Missa no rito romano tradicional são novamente cogitadas pelas autoridades eclesiais, perfazendo um novo capítulo nos abusos de autoridade que se seguiram à má recepção do Vaticano I:
Um Rito é uma “ação”, por isso o Missal só foi codificado depois de séculos de ação experimentada, provada, ratificada.
O Missal é o resultado da ação ritual dos tempos, não o seu princípio.
Ao longo dos tempos, foi se desenvolvendo, nas distintas tradições rituais ocidentais e orientais de origem apostólica, aquilo que corresponde à atualização da ação ritual originária (o que estava incoativamente na Última Ceia), através da piedade concreta dos papas, dos bispos e sacerdotes santos, da assunção prático-ritual do desenvolvimento do dogma eucarístico, das interseções reais de tradições a princípio distintas (romana x galicana), e também vão se incrustando elementos deformados, que devem ser purificados e excluídos.
Mas é um patente absurdo antiteológico imaginar que uma estrutura ritual que permaneceu praticamente inalterada entre o século XIII e 1965 – tendo sido ratificada, neste ínterim, no Concílio ecumênico que dogmatizou a Eucaristia e o Sacrifício da Missa! – contivesse algum elemento espúrio, ou que ela pudesse não corresponder à atualização do rito germinal [uma atualização ao lado de outras, dos veneráveis ritos antigos orientais e ocidentais].
A Missa, que só existe ordinariamente na ação ritual, teria sido celebrada de maneira distorcida, ou então, no menos pior dos casos, aquela que é a ação eclesial mais transcendental (mais universal) e transcendente (mais divina) – a “fonte de onde emana a vida cristã e a meta para a qual se dirige”, como diz com muito acerto Sacrosanctum Concilium – teria sido realizada segundo uma “determinada sensibilidade histórica” (sic), e não segundo o senso de Eternidade, durante séculos!
Com isso, praticamente se diz, com os protestantes, que a Igreja católica seria, ela mesma, a Prostituta do Apocalipse! Ela não teria rendido o culto devido ao Seu Senhor, mas “à mentalidade de uma época” (sic).
O curioso é que a “mentalidade da época medieval”, a mentalidade adorante da Presença Eucarística, a mentalidade centrada na Cruz, em que o Rito Romano da Missa se consolidou e fixou, foi configurada… pela Igreja!
É óbvio que não é impossível aperfeiçoar o que já é ótimo, mas imaginar que não se estava no caminho reto em questão tão essencial – a mais essencial! – é simplesmente insensato…