O medo de parecer preconceituoso não é, em si, uma coisa ruim. É controlando nossas forças sombrias – e quem tem mais sombras no passado do que a Alemanha? – que nos educamos a respeitar o “outro”, o da tribo diferente, seja ele han, hutu ou hamburguês. Os problemas acontecem quando esse autopoliciamento vira justificativa para o injustificável – “Ah, ele esfaqueou o médico na bicicleta porque foi abandonado pela sociedade”, “Virou homem-bomba por causa dos ataques a populações muçulmanas”. A manipulação política desses sentimentos (geralmente alguma variação do clássico “Isso é coisa de fascista”) também tem efeitos frequentemente opostos ao objetivo desejado.
– Vilma Gryzinski (Veja, 20 de janeiro de 2016)