Tradução, com adaptações, deste artigo.
Com o Motu Proprio Summorum Pontificum, o Papa Bento XVI permitiu aos católicos pedir aos seus padres celebrem a tradicional Missa em latim. Diz o documento:
Art. 5-§ 1. Nas paróquias, onde houver um grupo estável de fiéis aderentes à precedente tradição litúrgica, o pároco acolha de bom grado as suas solicitações de terem a celebração da Santa Missa segundo o rito do Missal Romano editado em 1962. Providencie para que o bem destes fiéis se harmonize com o cuidado pastoral ordinário da paróquia, sob a orientação do Bispo, como previsto no cân. 392, evitando a discórdia e favorecendo a unidade de toda a Igreja.
§ 2. A celebração segundo o Missal do Beato João XXIII pode realizar-se nos dias feriais; nos domingos e dias santos, também é possível uma celebração desse género.
§ 3. Para os fiéis e sacerdotes que o solicitem, o pároco permita as celebrações nesta forma extraordinária também em circunstâncias particulares como matrimónios, funerais ou celebrações ocasionais como, por exemplo, peregrinações.
§ 4. Os sacerdotes que utilizem o Missal do Beato João XXIII devem ser idóneos e não estar juridicamente impedidos.
§ 5. Nas igrejas que não são paroquiais nem conventuais, é competência do Reitor da Igreja conceder a licença acima citada.
Art. 6. Nas missas celebradas com o povo segundo o Missal do Beato João XXIII, as leituras podem ser proclamadas também em língua vernácula, utilizando as edições reconhecidas pela Sé Apostólica.
Art. 7. Se um grupo de fiéis leigos, incluídos entre os mencionados no art. 5-§ 1, não vir satisfeitas as suas solicitações por parte do pároco, informe o Bispo diocesano. Pede-se vivamente ao Bispo que satisfaça o desejo deles. Se não puder dar provisão para tal celebração, refira-se o caso à Pontifícia Comissão «Ecclesia Dei».
Como fazer isso? Aqui vão algumas sugestões, mas primeiro tenha em mente estes pontos:
- Tire cópia de todas as correspondências.
- Seja organizado e, por favor, mantenha-se focado no único objetivo: estabelecer a Missa Tradicional.
- Seja polido e educado ao máximo que você puder.
- Olhe ao redor, tentando procurar qualquer problema que possa surgir. Sempre que antever algum problema busque logo a solução. Fique sempre um passo a frente do padre responsável, torne o caminho dele fácil.
- Não esqueça da importância da oração. Reze para que seu padre conceda seu pedido e as coisas aconteçam sem problema.
Formando um grupo e lidando com seu pároco
Primeiro, com algumas semana de antecedência, mesmo anonimamente, envie ao seu padre informações concisas, mas poderosas – nunca polêmicas – sobre a Missa Tradicional. É bom dar-lhe isso, já que a demanda pelos Sacramentos no Rito Tradicional está crescendo e as paróquias tradicionais sempre trazem vocações para o sacerdócio e às ordens religiosas. Mostre a ele os benefícios da Missa Tradicional – e faça isso sem falar mal do Novus Ordo. Isso é extremamente importante de repetir: não fale mal do Novus Ordo! Inclua a cópia do Motu Proprio no material. Sempre que você incentivar seu padre, seja respeitoso, doce, positivo, e evite todos os comportamentos relacionados com o esteriótipo hard-trad. Esqueça colocar em conflito Trento X Vaticano II. Não mencione qualquer outra paróquia. Lembre-se do seu objetivo: estabelecer a Missa Tradicional na sua paróquia.
Depois, pense um nome para o grupo e crie uma forma de comunicação fácil, para quando vocês tiverem seu “grupo estável de fiéis” todos possam se comunicam facilmente. Esteja sempre vigiando o grupo contra desrespeitos e polêmicas. Mostre liderança e não deixe ninguém colocar a baixo o que vocês estão tentando fazer.
Agora é hora de reunir um grupo com ideias semelhantes na paróquia, de paroquianos que tem vontade de ter a Missa Tridentina (também conhecida como a Forma Extraordinária do Rito Romano). Uma maneira de começar essa processo é escrever uma pequena cartilha com o resumo do que se está tentando alcançar ao almejar a Missa Tridentina na paróquia. Nela, não critique o Novus Ordo, não fale em Vaticano II, não crie polêmica e não seja desrespeitoso com seu pároco, seu bispo ou com o Santo Padre de forma alguma. Em vez disso, enfatize a vontade do Santo Padre como indicado no Motu Proprio, as necessidades e desejos dos fiéis, a beleza da Missa Tridentina, a nossa herança católica, a tradição, e como o uso do latim ajuda todas as pessoas de diferentes grupos étnicos a assistirem juntos a Missa, como verdadeiros católicos, “universal”. Em outras palavras, priorize o positivo.
Caso você não esteja conseguindo adesão de pessoas na sua paróquia, tente nas paróquias vizinhas até formar um grupo considerável. Você também pode chegar nos católicos idosos que queiram se juntar (embora esse público, por incrível que pareça, tenha maior rejeição). Você ficará surpreso com o número de pessoas que deixaram de acompanhar a Missa no Novus Ordo por causa das coisas estranhas que acontecem. Essas pessoas ficariam felizes em assistir a Missa Tridentina.
Peça a cada um dos mais experientes que escreva uma carta descrevendo a razão deles estarem solicitando a Missa tridentina e como eles acreditam que isso seria benéfico para eles, suas famílias e para a paróquia como um todo, e entreguem essas cartas a você. Peça que incluam todos os membros em potencial como signatários da carta. Colete e tire cópia dessas cartas para mostrar ao padre no momento oportuno.
Organizem-se, escolhendo liderança para tudo e mantendo uma lista de nomes e informações de contatos, também é bom manter uma lista que indique o número de pessoas de cada família que assistirá à Missa Tradicional. É bom fazer isso para ter todos em contato.
Se você está com problemas para ter número de membros suficientes, você precisa ser mais criativo. Tente criar reuniões para as pessoas que têm interesse em aprender mais sobre o rito tradicional, preparando material de ensino inspiradores e alguns lanches saborosos para quando aparecerem. Explique os motivos pelos quais essa Missa é importante, que isso pode beneficiá-los espiritualmente, como pode beneficiar suas famílias. Lembre-se de ficar no lado positivo das coisas e deixe as polêmicas para trás. O que você está procurando são pessoas interessadas e assinaturas, não confusão.
Após ter cerca de 25 cartas, escreva uma pequena carta para seu pároco, perguntando se ele tem interessa em celebrar a Missa na sua Forma Extraordinária. Peça gentilmente, peça muito gentilmente. Prepare-se para ser paciente e nunca deixe de fazer alguma atividade na paróquia. Inclua sua carta junto com as dos demais paroquianos (que você já tirou cópia e arquivou, lembra?). Sua carta pode ser o seguinte molde:
Cidade, data
Prezado padre X,
Estou escrevendo para pedir-lhe que celebre, ou que permita outro padre celebrar, a Missa na sua Forma Extraordinária de acordo com o Motu Proprio Summorum Pontificum, do Papa Bento XVI, nos domingos e dias santos de guarda (dependendo do caso, também pode pedir que se celebre nos dias de semana). Eu entrei em contato com X (número de pessoas), membros de nossa paróquia, que também tem o desejo de assistir a Missa na sua Forma Extraordinária celebrada aqui. Muitos estão esperançosos e também, assim como eu agora, escreveram suas cartas (que seguem em anexo nesta).
Caso o senhor não não tenha tido a oportunidade de aprender a celebrar a Missa na sua Forma Extraordinária, os outros membros da paróquia e eu ficaríamos felizes em disponibilizar todo o material para o Sr. e para os acólitos, e também faremos o necessário para criarmos nossa schola cantorum. Se o senhor não quiser aprender a celebrar a Missa na sua Forma Extraordinária, pedimos, ao menos, que permita a vinda de outro padre para celebrá-la. Eu ficaria disposto a encontrar um padre que nos venha celebrar semanalmente. O que o senhor acha?
Muito obrigado por considerar essa questão, padre.
Aproveito a oportunidade para manifestar minha estima em Cristo Senhor.
Seu nome,
Seu contato
Dê aproximadamente 1 mês para o padre responder. Lembre-se que os padres são muitos ocupados. Após um mês, mande-lhe outra carta dando-lhe o benefício da dúvida (por exemplo: “Padre, há cerca de um mês mandei-lhe uma carta e até agora não tive resposta. Pensei em reenviá-la, caso o senhor a tenha perdido ou ela tenha se extraviado”). Se após isso você ainda não obtiver resposta, fale com ele pessoalmente para tentar entender o que está se passando. Como sempre, seja muito gracioso com o padre e dê-lhe o benefício da dúvida. Se você receber uma resposta negativa, pergunte-lhe se há algo que o preocupe com o estabelecimento das celebrações na paróquia ou se há algum impedimento que deva ser eliminado. Passe uma impressão que você é sério, mas também seja simpático com ele, compreendendo sobre o trabalho que ele terá se aceitar aprender a celebrar a Missa. Se sua preocupação for com os custos do treinamento, assegure-lhe que o grupo arcará com tudo e fornecerá todo o material necessário. Se ele não quiser aprender, pergunte-lhe sobre um padre visitante. Se ele aceitar essa última proposta, comece a ligar para os padres que têm interesse em celebrar e pergunte-lhes sobre essa possibilidade.
Seu padre ignorou seu pedido: hora de ir ao bispo
Caso o pároco lhe ignore por dois meses, é hora de escrever ao seu bispo. Pode ser seguindo esse exemplo:
Excelência,
Eu sou membro do grupo X da paróquia X. De acordo com o Papa Bento XVI, no seu Motu Proprio Summorum Pontificum, art. 5.1, 5.2, 7 e 10, eu estou escrevendo para pedir-lhe a que a Missa segundo as rubricas de São João XXIII seja celebrada na paróquia X ou em alguma próxima. Eu escrevi para o meu pároco duas cartas nos últimos dois meses, mas infelizmente não recebi resposta. Eu lhe peço que a Missa seja celebrada nos domingos e dias santos de guarda (ou, se for o caso, nos dias de semana). Também gostaria de pedir que estabeleça uma paróquia pessoal ou designe um capelão para a Forma Extraordinária da Missa. Eu conheço o Padre X e ele tem interesse e é capaz de celebrar a Missa conforme esse rito.
Obrigado pela sua consideração.
Seu em Cristo,
Seu nome,
Seu contato
Dê ao seu bispo um mês para responder. Envie junto as cartas dos outros membros do seu grupo.
Seu bispo não responde ou dá a negativa: hora de subir um degrau
Caso seu bispo não responda em um razoável espaço de tempo, é hora de recorrer à Comissão Ecclesia Dei, em Roma. Segue um modelo da carta.
Sua Excelência D. Luis Ladaria
Pontifícia Comissão Ecclesia Dei
Palazzo della Congr. per la Dottrina della Fede
Piazza del. S. Uffizio, 11
00193 Roma
Italy
Vossa Excelência,
Eu sou membro da Paróquia X, da diocese X. do país X. Também sou membro do grupo X, na mesma diocese.
Eu, respeitosamente, pedi a celebração da Missa conforme a edição típica de 1962 na minha paróquia, ou em alguma próxima. Escrevi inúmeras vezes ao meu pároco e ao meu bispo. Mas D. X (nome do bispo) negou [ou não respondeu] o meu pedido. Nós gostaríamos de ter a Missa celebrada na Forma Extraordinária aos domingos e dias santos de guarda [ou dias de semana, se for o caso].
Vossa Excelência veria com bons olhos a nomeação de um capelão para nós ou a ereção de uma paróquia pessoal? Isso nos ajudaria muito a não apenas ter a Missa na sua Forma Extraordinária, mas também casamentos, funerais e os outros sacramentos. Existe um sacerdote em minha diocese, o Reverendo Pe. X, que está disposto a nos ajudar.
Despeço-me implorando sua bênção.
Seu, em Cristo.
Seu nome,
Seu contato
Lembre de enviar as cartas que coletou das outras pessoas do grupo e as cartas enviadas ao seu padre e ao seu bispo.
É hora de trabalhar!
Após seu pedido ser concedido, esteja preparado para comprar paramentos, sacras, as batinas dos acólitos, os vasos litúrgicos e materiais de treinamento para o padre, os acólitos e o coro. Procure roupas bonitas e materiais bons. Lembre-se que é tudo para Deus.
Se o seu padre não sabe celebrar, há DVD’s à venda e muita coisa na internet. Esteja preparado, junto com o grupo, para dividir esses custos.
E agora?
Uma vez que a Missa esteja estabelecida, faça o possível para garantir que dê tudo certo e que seja financeiramente viável. Anuncie, avise aos outros!
Não seja o “Sr. Especialista Litúrgico”, e não faça o padre se preocupar porque está cometendo alguns erros no início. Administre tudo com caridade e não morda a mão de quem lhe alimenta. Não faça o padre se arrepender de celebrar, fazendo-o achar que está celebrando para um grupo de católicos ultraexigentes que gostam de se achar “os mais inteligentes” de liturgia.
Há relatos de padres que tinham vontade de celebrar, e chegaram a celebrar algumas Missas, mas devido a esses rigorismos desnecessários, desistiram de o fazer, ao menos publicamente.
Seja um bom paroquiano e convença o padre a começar a ter vida paroquial. Crie um boletim informativo e, se o sacerdote permitir, antes das missas dê breves explicações sobre os ritos e seus intermináveis significados. Isso ajudará bastante os novatos. Sane as dúvidas deles com caridade, não queira que pensem como você logo na chegada.
Defenda o padre publicamente e dê boas referências dele ao bispo, pois com certeza o clero progressista deve estar fazendo campanha contrária. Se a orelha dele começar a coçar durante as missas, vocês já sabem o motivo…
E, finalmente, agradeça a Deus por “ter a coisa mais bonita desse lado do céu” na sua própria paróquia!