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Ariano explica o Papado

É interessante como a verdadeira arte, por tocar em questões perenes, é sempre nova e, desse modo, ilumina questões diferentes que se sucedem ao longo da história. Pensei nisso após ler um trecho da Farsa da Boa Preguiça, do mestre Ariano Suassuna, que ao tentar explicar papado, também mostra como a visão continuísta num extremo e a  sedevacantista (no caso, aquela que diz que estamos sem Papa a mais de 50 anos) não possuem a menor razoabilidade:

“SIMÃO PEDRO: O que aconteceu, é o que eu dizia: Simão é poeta e homem religioso! É artista e poeta até o osso! Tem as suas fraquezas, reconheço! Mas, quem não tem fraquezas neste mundo? Ele não está só!

MIGUEL ARCANJO: Co-coró-cocó

SIMÃO PEDRO: Que brincadeira mais besta! Essa história do galo já está enchendo! Neguei o Cristo mesmo, e daí? A situação estava apertada, eu caí fora! Mas depois, quando chegou a minha vez, eu não venci o medo e não estava lá, na hora?

MANUEL CARPINTEIRO: É verdade, Miguel: ele ficou e uma morte terrível suportou!

SIMÃO PEDRO: E depois, se eu não tivesse feito essas besteiras, junca mais ninguém admitiria uma fraqueza no Comando da Igreja! Se o Papa escolhido não tivesse sido um sujeito cheio de defeitos, como eu, nunca mais ninguém iria entender que a Igreja é a Igreja, seja quem for que estiver à frente dela.”

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