Os católicos imaginam que o que diferencia o mundo atual de épocas passadas é o teor dos pecados.
Não! As pessoas já faziam as mesmas coisas. Nunca deixou de haver no mundo cristão, exceto entre os santos e os virtuosos, traições, luxúria desenfreada, assassinatos, mundanismo, tirania, intelectualidade acadêmica burra (acontece que os filósofos modernos eram burros com estilo, com sofismas sutilíssimos e difíceis de ver, embora já preparassem o niilismo atual em modo germinal).
O que distingue basicamente a era contemporânea da era cristã é, em primeiro lugar, a permissividade. Antes havia, nem que por convenção social, o respeito dos hipócritas pela lei natural.
Em segundo lugar, a falta de vigência social da autoridade eclesiástica. Quando o poder religioso era importante para o povo, os poderosos deste mundo, que já enfrentavam e diminuíam o poder temporal da Igreja no antigo regime, se preocupavam por não atacar a autoridade religiosa enquanto tal, para não confrontar diretamente a religiosidade do povo.
Em terceiro lugar, a profusão dos meios técnicos de difusão de ideias e comportamentos. Tanto o bem como o mal podem usá-los, porém o bem espiritual só pode realmente implantar-se no coração pelo testemunho e exemplo pessoal ou a distância do mal (no caso dos simples e frágeis), enquanto o mal se difunde com facilidade por mero contato sensível, imaginariamente, não requer o concurso de uma inteligência reflexiva, pois apela às concupiscências e cresce por elas (a reflexão que ratifica o mal *só vem depois de que já se está instalado culpavelmente nele*).
Em quarto lugar, a própria defecção de boa parte da hierarquia eclesiástica, seu mundanismo, os ensinos e celebrações precárias, e os erros gritantes do sujeito magisterial supremo, fatos que, pela sua significação sobrenatural, e somados aos anteriores, permitem que as potências infernais avancem muito mais do que em outros tempos.
– Joathas Bello