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Espiritualidade

A essencial pequenez

Texto do Professor José Luiz Delgado (Jornal do Commercio, Recife, 14 de abril de 2015):

Ninguém, sobre o homem, terá feito melhor ideia do que os astronautas que foram ao espaço e viram a Terra de muitíssimo longe. Entristeceram-se com a imensidão absolutamente negra, deslumbrando-se com a quantidade estúpida de luzeiros na escuridão do céu, e mal conseguiram ver nosso planeta. Se tivessem ido mais longe, não teriam conseguido perceber a bolinha azul, insignificante, irrisória, ridícula, desprezível – a morada do homem. Da Lua, daquela espantosa distância, quem suporia sequer que, na nossa bolinha, acontece uma inacreditável maravilha, a vida, e alguns seres banalmente minúsculos, andando sobre duas pernas, questionam-se a si mesmos e questionam o universo inteiro? Muito menos suporia que esses seres diminutos vivem se digladiando em disputas de toda sorte, julgando-se muito importantes.

Se a Terra é pequenina vista do espaço, o homem é ridiculamente pequeno. E passamos a existência completamente indiferentes a essa tremenda insignificância. Inconscientes de nossa essencial pequenez. Por isso, dada essa pequenez substancial, são tão ridículas as vaidades bestas, as manias de grandeza, as arrogâncias, as prepotências, as soberbas, os personagens demasiadamente graves e pretensiosos, os tolos que – porque milionários ou porque poderosos ou porque em plena vitalidade ou por um qualquer outro pretexto – fazem ideia muito elevada de si, imaginam-se gigantes ou imortais.

E, se tudo, em nós, é tão minúsculo, não será, talvez, que nossos pecados sejam, também, igualmente pequeninos? Não serão – quantos deles? a imensa maioria? – apenas pecados de nossas debilidades, pecados de fraqueza, muito mais do que de maldade, pecados da nossa natureza ferida, machucada, marcada pela matéria e pela carne (que é fraca)? Somos frágeis e vulneráveis. Somos, em toda a criação, o único ser dividido e misto – meio espírito e meio matéria, ora anjo ora demônio.

Somos todos pequeninos pecadores humilhados. Humilhados pela consciência das próprias quedas. E bastará isso – a humilhação que a dor do pecado traz, o coração contrito e arrependido (mesmo que vá depois incorrer nas mesmas faltas) – para a infinita misericórdia daquele que sabe o que há no intimo do homem, nos acolher. Só um pecado não há de ser perdoado: o da rejeição completa, voluntária, exterior e interior, consciente, cabal, do Criador.

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Espiritualidade

Ano Santo da Misericórdia

Neste ano de 2015, o Santo Padre, o Papa Francisco, convocou um Jubileu Extraordinário para toda a Igreja, com o lema: “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso”. Qual a intenção do Sumo Pontífice com esse Ano Santo? O que a doutrina da Igreja tem a oferecer sobre o tema da misericórdia? De que modo concreto os fiéis podem entrar em contato com a misericórdia de Deus?

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Espiritualidade Santos

O glorioso São José

Nos últimos séculos, a religiosidade popular e o ensinamento dos Papas têm reconhecido cada vez mais a importância de São José na vida da Igreja. Como podemos explicar este fenômeno?

Mais do que simples entusiasmo, a piedade cristã precisa ser alimentada pela verdades da fé. O que dizem as Sagradas Escrituras, os santos, a teologia e o magistério a respeito de São José?

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Espiritualidade

Oração do Anjo da Paz

Recebi a seguinte pergunta do leitor Lúcio:

Thiago, qual o teor correto da oração que o Anjo da Paz ensinou aos pastorinhos em Fátima? Já vi mais de uma versão dela e por isso a pergunta.

Lúcio, nas fontes em que pesquisei (livros da antiga TFP) a oração ensinada pelo anjo aos pastorinhos em 1916 é a seguinte:

anjo da pazMeu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos, peço-Vos perdão pelos que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os Sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.

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Espiritualidade

A solidão não é um inimigo

Por alguma questão ocidental, fomos levados a achar que a solidão é um inimigo. Estamos a todo custo, tentando não estar só. Assim, perdemos uma grande oportunidade: o diálogo interno, a reflexão, a investigação de nós mesmos.

– Ricardo Darín (no programa Sangue Latino, do Canal Brasil

É interessante como um ator que não sei se é católico ou não, percebeu essa verdade universalmente afirmada pelos grandes mestres espirituais. Meu único senão à colocação dele é que considero um equívoco dizer que essa impressão sobre a solidão é um produto do Ocidente, ela é, isso sim, uma das consequências do espírito de rebanho que marca nossa cultura desde a Revolução Francesa, ou seja, precisamente do que é antiocidental.

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Espiritualidade Pastoral

Fazei penitência

retiro prisãoRetiro eucarístico na prisão de segurança máxima de Kamite em Nairobi (Quênia).

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Catequese Espiritualidade

Na presença dos anjos!

https://youtu.be/J8XUl07k6Dc

Nunca estamos sós. Deus colocou ao nosso lado anjos da guarda, a fim de guiar-nos, proteger-nos e, principalmente, conduzir-nos à vida eterna. Nesta vídeo, aprenda o que a doutrina católica ensina sobre os anjos de Deus e o que fazer para viver constantemente em sua presença.

Os anjos da guarda não foram colocados ao nosso lado apenas para proteger-nos de acidentes ou desastres físicos. A sua missão na Terra é muito maior do que comumente se imagina. O que a Igreja ensina a respeito dessas criaturas? Elas realmente existem? Como se comportam em relação à vontade de Deus e em relação a nós?

Já se sabe qual a missão dos santos anjos da guarda: conduzir-nos ao Céu e à salvação eterna. Mas, como nos relacionarmos concretamente com eles, no dia a dia?

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Espiritualidade

Flores que não murcham

Trecho de um texto do Pe. Roque Schneider, publicado nos Bilhetes Mensais do Apostolado da Oração em novembro de 1996:

Era um homem muito rico, várias vezes milionário, que se achava às portas da morte. Sua esposa, junto ao leito de agonia, tentava confortá-lo:

– Não fique triste meu bem. Levarei diariamente um ramalhete de flores ao cemitério. Mesmo partindo, você ficará comigo. Na lembrança, nas preces, na saudade, na recordação.

Uma segunda visita aconteceu também: veio do dinheiro que aquele senhor acumulara ao longo de sua existência, tecida de muito trabalho, esforço e suor. Tentando amenizar o sofrimento do enfermo agonizante, prestes a empreender a grande viagem sem retorno, o dinheiro disse:

– Fomos sempre muito amigos e próximos, não é mesmo? Num gesto de gratidão imorredoura construirei para você o túmulo mais vistoso da cidade, certo? Não chore, portanto. Mesmo que você termine esquecido na sepultura silenciosa do cemitério… estarei ao seu lado sempre. Dia e noite. Guardando os restos mortais do seu corpo.

Por último, um terceiro personagem entrou em cena: o bem que ele realizara amplamente, as boas obras que o homem praticara durante a vida.

– Pois é…, comentaram as boas obras, nem seu dinheiro, nem sua mulher partirão com você, nesta hora difícil da separação. Nós, no entanto, viajaremos como suas acompanhantes. Não fique triste… Iremos, inclusive, à sua frente, já preparando o caminho. Somos a chave benfeitora que lhe abrirá as portas do Céu.

Felizes e bem-aventurados todos aqueles que passam pelo mundo – a exemplo de Nosso Senhor e de Maria Santíssima – fazendo o bem sem olhar a quem. “Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas, nas mãos que sabem ser generosas.” Com juros e dividendos nos bancos do além, onde “as traças não roem e os ladrões não alcançam”, segundo lembra Nosso Senhor.

Tudo passa, caduca, se esvai. As flores murcham, a juventude voa, as forças diminuem, a beleza facial recebe rugas e as ilusões se desfazem, como bolhas de sabão, como folhas jogadas ao vento. Só não morre a bondade distribuída… passaporte privilegiado para adentrarmos o venturoso país da eternidade.

Quanto mais nobre uma causa, mais triste é vê-la deturpar-se. Uma pessoa vale pelas benemerências que reparte e planta, pela ressonância que nela despertam os fatos, as coisas, os apelos do Alto.

Quando o Infinito já não acorda ecos profundos no ser humano, o que resta nele da marca divina? Apenas ruínas, melancólicos escombros de uma grandeza que se desconheceu ou esbanjou.