Categorias
Crise Eclesiologia

A ordenação de D. Jean-Michel Faure por D. Williamson

CekadaEntrevista (em inglês) com o conhecido polemista sedevacantista Pe. Anthony Cekada à Restoration Radio, onde ele relata suas impressões sobre a ordenação realizada por D. Williamson no Mosteiro da Santa Cruz no qual um antigo colega de classe do Pe. Cekada, o agora D. Jean-Michel Faure, se tornou bispo. O entrevistado analisa essa ordenação à luz do direito canônico e do Magistério da Igreja, tendo como substrato, é óbvio, a ideia do sedevacantismo.

Além disso, ele reflete sobre a reação da FSSPX ao ocorrido, bem como do Vaticano e de outros meios de mídia.

Categorias
Eclesiologia

Cerimônia da Coroação Papal

Eu não sou, em hipótese alguma, um dos saudosistas do “Papa Rei” e já tive com vários amigos, igualmente amantes da tradição da Igreja, discussões sobre o motivo de ver com bons olhos a extinção da coroação papal e, em conseqüência, do uso da Tiara Pontifícia pelo Sucessor de Pedro. Dito isso, não se pode negar o senso de sacralidade que essa cerimônia e as suas assemelhadas (como a do coroação da rainha Elizabete II) dão a quem está investido de um poder temporal, fazendo-lhe lembrar das responsabilidades inerentes à missão que a Providência lhe destinou.

Abaixo podemos ver um raro filmete com a coração do Papa João XXIII:

Categorias
Eclesiologia

A pauta modernista

Texto do Prof. José Luiz Delgado publicado no Jornal do Commercio (Recife, 19 de março de 2013):

pautaCuriosa a atração entre a mídia e certos trânsfugas que já há bom tempo abandonaram a Igreja. Aquela se nutre de escândalos, do extraordinário, do diferente, de frases dissonantes que chamam a atenção, muito mais do que do ordinário, do comum, do sensato, do simplesmente bom. E aqueles se põem a dar declarações tornitruantes sobre uma entidade de que já se afastaram, que repudiaram, e que, portanto, em nada mais os deveria interessar. Por que ainda a discutem e ainda opinam sobre ela?

Nesse afã de ouvir personagens que já refugaram a Igreja (e que, em boa lógica, nem deveriam mais pensar nela), a mídia anda divulgando o rol dos “grandes” projetos que esses trânsfugas, curiosamente preocupados com a “decadência” da Igreja, gostariam de ver o novo pontificado assumir, para se modernizar e deixar de ser “medieval”, para ser “aberto ao diálogo com o mundo moderno”: derrubar tabus como o casamento entre homossexuais, o aborto, a condenação da pílula anticoncepcional, a aceitação do divórcio, o celibato dos sacerdotes.

Quando é que a Igreja reverá sua oposição aos “modernismos” do divórcio, casamento entre homossexuais ou o aborto? Nunca, jamais, em tempo algum. É viver no mundo da Lua imaginar que coisas desse tipo possam algum dia ocorrer. Quem imaginar que pode ser católico alimentando tais fantasias, e portanto somente na esperança de que essas mudanças aconteçam, declare-se logo não-católico. A Igreja não é dona da doutrina, cuja formulação não depende do voto da maioria nem dos clérigos nem do “povo de Deus”: é apenas depositária, guarda e transmissora do tesouro, e a esse respeito tão somente repete o que aprendeu do Senhor: que a vida humana é sagrada, ninguém pode dispor sobre ela, e que Deus fez o homem e a mulher e viu que isso (o homem e a mulher) era bom. A Igreja tem um Credo e é fiel a ele, e quem (no exercício da primordial liberdade, que deve sempre ser respeitada) não concordar com esse Credo, simplesmente não pertence à Igreja. Tem todo direito de pensar o que quiser, mas não pode prtender que seu livre pensamento seja católico.

O celibato dos padres é questão totalmente diversa. Sendo norma apenas positiva da Igreja, apenas disciplinar, pode, sim, ser modificado sem qualquer agressão ao dogma. Que a Igreja, porém, vá rever essa posição, nalgum futuro mais ou menos próximo, é altamente discutível. Não parece provável. Muitos séculos podem passar sem aquela opção ser modificada. Talvez até o mundo acabe primeiro…

Categorias
Brasil profundo Eclesiologia Sociedade

Frei Damião em Taperoá (PB)


Frei Damião em 1969 na cidade Taparoá (PB). Esse vídeo é uma verdadeira relíquia!

Categorias
Eclesiologia

Uma comparação

Last-3-popes

Categorias
Apologética Crise Eclesiologia

Lá só estudam Wittgenstein

chatDiálogo que ouvi esperando o elevador numa universidade:

Aqui não tem linha de pesquisa na obra de Tomás de Aquino.

Tem não. Infelizmente.

Mas na Católica deve ter.

Tem nada.

Como não? E os padres?

Fui num seminário e eles só estudam Wittgenstein, Hegel…

Por que será mesmo que a doutrina da Igreja se tornou um tesouro fechado até mesmo para o clero?

Categorias
Eclesiologia

Meu professor é Papa

Depois da Jornada Mundial da Juventude, muitas pessoas ficaram com vontade de saber um pouco mais sobre quem é e sobre o que pensa o Papa Francisco e acho que uma pequena entrevista publicada na revista Veja de 3 de abril de 2013 pode ser esclarecedora:

O padre da Igreja de Santa Cecília, no Rio de Janeiro, fala sobre o período em que foi aluno do Papa Francisco na faculdade de teologia de Buenos Aires.

Como o senhor conheceu o Papa?

Em  1985, estudei na Faculdade de São Miguel, em Buenos Aires. O Papa ainda era padre e, entre 1987 e 1988, foi meu professor em duas disciplinas: teologia pastoral e doutrina social da Igreja.

Como ele era professor?

Firme, cobrava bastante dos alunos. Mas o seu jeito simples já era claro naquele tempo. Muito sábio, mas humilde e amigo de todos. E ele tinha muito senso de humor. Reunia-se com os alunos depois das aulas e contava piadas, falava do San Lorenzo, o time de futebol dele. Lembro-me também de que ele nos mandava ler dois textos do Concílio Vaticano II de que gostava muito: Gaudium et Spes, que significa Alegria e Esperança; e Lumen Gentium, que quer dizer Luz dos Povos. Dizem muito sobre ele.

Ficou supreso quando ele foi escolhido Papa?

Muito. Nenhum jornal falava dele. Estava assistindo à transmissão do conclave e, quando anunciaram seu nome, gritei “Meu professor!”. Foi emocionante.

Quando o encontrou pela última vez?

Depois de me ordenar sacerdote, estive com ele algumas vezes. A última foi em 2012, quando almoçamos juntos na Argentina. Estava muito alegre. Vou tentar revê-lo quando vier ao Rio para a Jornada da Juventude. Agora que ele é Papa, o assédio deve ser muito grande. Mas acho que consigo falar com ele, né?

Categorias
Eclesiologia Liturgia

História da retomada do Rito Gregoriano em Recife até 2012

Desde a reforma litúrgica do final da década de 1960 muitos estudiosos da liturgia e inúmeros fiéis ao redor do mundo lamentaram a perda de elementos que caracterizaram durante séculos o culto prestado ao Criador pela Igreja ocidental e que estão especialmente consolidados na chamada Missa Tridentina, ou melhor, no Rito Gregoriano segundo a sua forma normatizada em Trento.

No nosso país não foi diferente, pois, além do motivo citado, o rito gregoriano é parte integrante da identidade nacional, já que perfez o modo como o Santo Sacrifício foi celebrado pela primeira vez em nossas terras e a maneira como os missionários que penetraram nos sertões levaram os dons do Senhor às almas famintas.

Em nossa arquidiocese, apesar da posição oficial que dizia que tudo estava bem e que a reforma de 1969 tinha sido uma unanimidade, o sentimento de abandono derivado da maneira dirigista e muitas vezes atrapalhada com que ela foi aplicada também se fazia presente. Assim, durante anos, padres de passagem por nossa igreja particular celebraram esporadicamente a Missa segundo a forma tradicional do rito romano para grupos diversos em garagens ou outros edifícios particulares, e sacerdotes locais, como o saudoso Monsenhor José Ayrton Guedes, buscaram maneiras alternativas de atender aos anseios do povo.

Evidentemente, tudo isso era insatisfatório, e, por tal motivo, começou-se, a partir de 1996, a pedir a aplicação local das disposições exaradas pelo Beato João Paulo II (Carta Apostólica Quattuor Abhinc Annos e o Motu Proprio Ecclesia Dei Adflicta) para o cuidado dos católicos ligados ao rito gregoriano. Mas o tempo do Senhor era outro, e só depois de mais de 10 anos, com a ajuda de um amplo abaixo-assinado (que contou com as assinaturas de muitas pessoas satisfeitas com o rito romano moderno, mas que não entendiam o motivo do tesouro litúrgico que santificou as almas durante mais de 1.600 anos ficar relegado às catacumbas) e com o apoio do Cardeal Dario Castrillón Royos (então presidente da Comissão Ecclesia Dei), o Arcebispo D. José Cardoso Sobrinho permitiu as celebrações de um modo estável.

De início, em respeito às condições pastorais de nossa arquidiocese, as missas eram celebradas de um modo “privado”, nas segundas-feiras a noite ou nos sábados pela manhã, pelo Pe. Nildo Leal de Sá, na igreja matriz da paróquia da Imbiribeira ou na de Apipucos. Lá pelo meio de 2006, D. José autorizou as missas aos domingos, mas ainda com um caráter discreto.

Foi promovido em junho 2007 um curso ministrado pelo Pe. Claudiomar, liturgista da Administração Apostólica São João Maria Vianney (encerrado, no dia de São Luiz Gonzaga, com a primeira Missa cantada desde os anos 60), e começou a distribuição de um Ordinário e de um Próprio para povo.

Passaram mais alguns dias, quando, finalmente, o Papa Bento XVI, em 7 de julho de 2007, resolveu olhar com mais cuidado para os direitos dos fiéis que preferem a liturgia tradicional e lançou a Carta Apostólica em forma de Motu Proprio Summorum Pontificum (mais tarde complementada pela Instrução Universae Ecclesiae), dando ampla liberdade às celebrações. Desse modo, iniciou-se o preparo para “missas públicas”.

A primeira delas ocorreu no dia 14 de setembro de 2007, Festa da Exaltação da Santa Cruz, na capela do Seminário de Olinda:

No dia 16 de setembro do mesmo ano, um domingo, foi celebrada outra Missa na Igreja de São Cristovão e São Sebastião, com grande cobertura da mídia (Jornal do Commercio, Diário de Pernambuco, TV Jornal, TV Tribuna e blogs diversos).

Desse ponto em diante as celebrações se tornaram normais, sempre nos domingos às 11h da manhã, e a preocupação do grupo de fiéis se voltou para a formação teológica das lideranças e um melhor acolhimento do povo.

No ano de 2009, D. Fernando Âreas Rifan, bispo da Administração Apostólica de Campos, celebrou a primeira Missa pontifical cantada desse processo de retomada das celebrações no rito gregoriano, num evento em que inaugurou a gruta de Nossa Senhora de Lourdes na paróquia da Imbiribeira e benzeu o novo sino da igreja. Vale salientar que ele usou o báculo de D. Vital, emprestado por D. José Cardoso.

Com o passar do tempo, tivemos casamentos e batizados na forma tradicional do rito romano, mostrando que os frutos da liberdade concedida pelo Papa Bento XVI também se refletiam na formação de novas famílias.

É digno de nota que além de Missas cantadas periódicas, presenciamos mais uma Missa pontifical, rezada por D. Rifan, no dia 16 de junho de 2010. Esse mesmo bispo, poucos dias depois (19 de junho), celebrou outra Missa na catedral de Garanhuns, como encerramento do primeiro Congresso Summorum Pontificum, no qual contou (a pedido de D. Fernando Guimarães) com a ajuda dos fiéis de Recife, que mesmo debaixo de fortes chuvas (as que inundaram Palmares) se dispuseram a ir até o Agreste.

Durante essa época, além do Pe. Nildo, também celebraram aqui em Recife o Mons. Edvaldo Bezerra, o Pe. Moisés Ferreira de Lima e o Frei José de Arimáteia OFMconv., e inúmeros outros membros do clero (padres e diáconos) e de religiosos leigos participaram das missas, sempre bem acolhidos e com as dúvidas sanadas ao máximo possível.

Infelizmente, na segunda metade de 2010, uma série de transtornos no relacionamento do grupo dos católicos que buscam manter o patrimônio litúrgico da Igreja com o Pe. Nildo desencadeou um processo (destacado em sites de audiência mundial) que levou à transferência da Missa para a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares (precisamente no dia 24 de abril de 2011), agora sob a responsabilidade do referido Mons. Edvaldo. Na resolução dos problemas a condução pastoral de nosso atual arcebispo, D. Fernando Saburino, foi decisiva, mostrando que na Arquidiocese de Olinda e Recife todos os católicos ortodoxos são acolhidos sem distinção.

No restante do ano de 2011 os fiéis ligados à liturgia romana tradicional procuram se organizar melhor, promovendo dois cursos sobre o simbolismo das cerimônias da liturgia (apoiados pelo Círculo Católico de Pernambuco), a publicação de novos Próprios e a tentativa de formação de um coral. Para encerrar o ano, uma Missa cantada foi celebrada no Natal com a ajuda de integrantes do coral da UFPE.

O começo do ano de 2012, por sua vez, trouxe muitas novidades. Uma das que se deve destacar foi a da conversão de alguns jovens à fé católica, do meio dos quais saiu o primeiro batismo de adulto no rito gregoriano desde 1969; outra foi a integração de novos casais jovens ao grupo de fiéis; e, por fim, a vinda de mais um sacerdote, o Pe. Expedito Nascimento S.J., para celebrar o Santo Sacrifício.

Eventualmente a Missa também foi celebrada na igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, na da Soledade e na da Ordem Terceira do Carmo.

No entanto, algumas das iniciativas que propostas para alimentar a espiritualidade dos frequentadores não foram efetivadas, como a preparação de um almoço para os moradores de rua durante a Quaresma e uma peregrinação até o Santuário do Sagrado Coração. É bom frisar que nenhuma delas saiu de nosso horizonte, pois sabendo que a Missa é o centro da vida católica, é necessária uma “periferia” composta de atividades individuais (como a oração pessoal) e atividades comunitárias.

Em 2012 tivemos nossa primeira Procissão de Ramos e um aumento das celebrações fora do domingo (como a de Cinzas, a de Finados e a de Nossa Senhora da Conceição).

No final desse ano o Pe. André de Vasconcelos Martins, dada a necessidade do Pe. Expedito ir para o interior do estado, passou a ajudar o Mons. Edvaldo na condução das missas, e, em dezembro, celebrou aquela que foi a primeira Missa cantada de Réquiem em mais de 40 anos na nossa arquidiocese, contando com a contribuição de músicos ligados à UFPE e aos conservatórios da Paraíba e Pernambuco.

Por fim, ainda no término do ano passado, tivemos a grata notícia de que um vocacionado saído do grupo de fiéis recifense recebeu a batina numa cerimônia na Alemanha presidida pelo arcebispo de Vaduz.

Até agora essa foi a caminhada do Coetus Fidelium Olindensis et Recifensis e, para o futuro, além de crescer em número, pretendemos nos integrar melhor e colaborar com outros grupos de nossa igreja particular.