Um das piores coisas que aconteceram depois da implantação do ENEM, para mim, foi o lugar secundário que a literatura passou a ter no ensino médio. As universidades agora não podem valorizar escritores locais e nem os alunos se veem realmente incentivados a ler as obras de alcance nacional (lembro que no meu terceiro ano li 12 livros…), pois se contentam com resumos ou textos que fazem a análise do autor X ou Y. Tenho pena de estudantes que chegam ao ensino superior sem conhecerem verdadeiramente “o bruxo do Cosme Velho”, cuja vida foi resumida no texto abaixo (de autoria de Paulo Gustavo, membro da Academia Pernambucana de Letras, e publicado no Jornal do Commercio de Recife em 13 de abril do corrente ano):
Este ano completam-se 110 anos da morte de Machado de Assis, e ainda assim haverá muito o que dizer sobre ele. Isso pelo simples motivo de que sua obra tem uma amplitude humana inescapável. Transcende à órbita literária: é um dos pontos altos do que até agora pôde produzir a cultura brasileira. Dessa cultura foi um dos maiores intérpretes. Como artista, Machado foi, para usar a linguagem de Ezra Pound, uma antena da raça. Não foi apenas o “bruxo do Cosme Velho”, como o apelidaram. Foi o bruxo do Brasil, o grande mago. Mas um mago apolíneo, atrás de um contido mármore que escondia sua gigantesca sensibilidade. Continuar lendo →