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A “lógica” do ateu

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Anos de vida no Antigo Testamento

Qual é o ensinamento da Igreja Católica acerca das pessoas no Antigo Testamento viverem centenas de anos, chegando a passar dos 900 anos?

A Igreja não possui um ensinamento se essas idades devem ser interpretadas literalmente ou não.

A Igreja afirma que tudo o que a Escritura diz é inerrante, porém os escritos deve ser entendido segundo as regras literárias que estavam em uso na época em que foram produzidos.

Sabemos que em muitas culturas antigas idades fantasticamente longas eram atribuídas a antepassados ​​famosos, de modo que isto pode ser uma indicação de que tais idades devem ser tomadas como símbolo da grandeza e venerabilidade desses indivíduos.

No entanto, como dito, isso não é algo [específico] que a Igreja tenha ensinado. Na verdade, Deus pode manter as pessoas vivas pelo tempo que quiser; com efeito, se Ele quiser que alguém viva até os 900 anos, Ele pode mantê-lo vivo por todo esse tempo.

Fonte: Catholic Answers, This Rock Magazine, 2003; tradução livre: Carlos Martins Nabeto; correção: Thiago Santos de Moraes.

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Crise Eclesiologia

Por que o tradicionalismo não prevalece?

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Por que o “tradicionalismo” católico, estando certo no “atacado” sobre os problemas e frutos do CVII, não consegue prevalecer?

1) Uma razão importantíssima, obviamente, é que a direção eclesiástica jamais foi justa com suas legítimas reivindicações e críticas, tendo oscilado entre: a ambiguidade nua e crua (Paulo VI), o conservadorismo dialoguista (JPII), o conservadorismo simpático a certos pleitos tradicionalistas (BXVI), e o progressismo como índole prevalecente (Francisco).

2) Outra é que a maioria dos fiéis não tem condições intelectuais e/ou espirituais para dar-se conta da gravidade (imensa) do problema – ele sequer aparecerá para um católico principiante ou neoconverso (especialmente se veio do protestantismo ou de outras religiões) – ou, dando-se conta, para atinar à via resolutiva, ou então para suportar uma apologética virulenta contra o estado de coisas eclesiástico que parece atacar a Igreja em si.

3) Outra razão é que sua crítica teológica geralmente não faz justiça a todos os aspectos da questão: não conhece bem a nouvelle théologie, sua distinção para o modernismo e suas distinções internas, ignora o sentido do método fenomenológico (e o próprio sentido da gnosiologia aristotélica às vezes) e a diferença das suas escolas, e absolutiza certos aspectos contingentes do magistério anterior.

4) Outro motivo relevante é que, na maioria das vezes, não é capaz de reconhecer os méritos/graças presentes nos papas “conciliares”, mas insistem unilateralmente no “liberalismo” (sic) ou coisa pior, ou nos escândalos (Assis, beijo no Alcorão, etc.), jamais procurando captar com alguma sabedoria ou simples bondade o sentido providencial da realidade eclesial; vários alegarão que isto é “impossível”, mas é perfeitamente possível apreender os méritos objetivos e não é justo sempre imputar intenção má (“Summorum Pontificum é pega-trouxa”), ou total ausência de autoridade, ou então uma intenção idêntica, como se a direção ou “hermenêutica” bergogliana fosse a mesma que a wojtyliana-ratzingeriana, e não 2 vias possíveis no interior da ambiguidade conciliar (como se Fratelli Tutti fosse compatível com Dominus Iesus, ou Traditionis Custodes com Summorum Pontificum!).

5) Também porque, na esteira do anterior, tem dificuldades para reconhecer o valor dos padres e bispos conservadores, que fazem esforços louváveis para fazer brilhar a Tradição no interior do horizonte da pastoralidade conciliar, celebrando com decoro, ensinando e evangelizando com veracidade e coragem, com profundidade espiritual.

6) Algumas vezes o problema é a associação a certa política ideológico-partidária de “direita”, que não constitui um dever católico, e é confundida com a luta pela Realeza Social de Cristo.

7) Enfim, porque aos conservadores perplexos e abertos, não parecem realmente “dóceis”: não fazem toda a defesa abstrata possível dos textos conciliares, para só então demonstrar as aporias, as razões teológicas implícitas que permitem descambar para o erro e a heresia; assim, também não têm em conta o mecanismo psicológico da descoberta da verdade, agem como se a questão estivesse provada autoritativamente de uma vez por todas (uma coisa é saber que se está teologicamente certo, outra é entender que se tem de contar com a inevidência eclesiástica da verdade e o fato da disputa).

Joathas Bello

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Defesa da vida

O feto é uma pessoa?

O seguinte vídeo, do Prof. Marcelo Andrade, é um bom complemento ao de Max Cardoso postado acima:

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História Política

Marxismo e judaísmo

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Contrarrevolução Cultura Eclesiologia Política

Uma nova contrarrevolução católica está em desenvolvimento na Europa

Tradução de uma reportagem publicada pelo Financial Times no dia 7 de agosto do corrente ano (autor: Jonathan Derbyshire).

Da Itália a Polônia, passando pela Espanha, partidos de direita enfatizam a soberania nacional e valores familiares conservadores

Na semana passada, centenas de milhares de jovens católicos de todo o mundo convergiram para a capital portuguesa, Lisboa, para a Jornada Mundial da Juventude, um encontro religioso internacional que teve lugar pela primeira vez em Roma, em 1986. Num sermão proferido na cidade no dia 3 de agosto, o Papa Francisco lembrou aos presentes que “na Igreja há lugar para todos”.

Mais de 42 mil dos 354 mil peregrinos eram da França (o quarto maior contingente nacional depois de espanhóis, italianos e portugueses). E uma sondagem entre jovens católicos franceses que planeiam viajar para Lisboa, publicada em maio, no jornal religioso La Croix, sugere que poderão não ter sido especialmente receptivos à visão eclesiástica de Francisco.

Embora a frequência à igreja na França continue a atingir níveis que são uma pequena fracção dos observados na década de 1950, a sondagem sugere que os jovens católicos franceses de hoje são altamente observadores das práticas religiosas e ligados às formas mais tradicionais de culto, incluindo a missa em latim. De acordo com o cientista político Yann Raison du Cleuziou, este grupo, que exerce uma influência desproporcional ao seu tamanho (graças às redes sociais e outros efeitos de rede), está no centro do ressurgimento do catolicismo conservador como um força política e também religiosa.

Mas a fusão política da identidade católica com o populismo nativista e “soberanista” que Raison du Cleuziou descreve não é peculiar à França. O sucesso eleitoral de partidos como o Vox, na Espanha, e o Irmãos, de Giorgia Meloni na Itália (o maior partido da coligação no poder), dão outro testemunho disso.

Os resultados da pesquisa francesa apontam para uma concepção da relação entre autoridade religiosa e poder político temporal em desacordo com o que o próprio Francisco identificou como um “secularismo saudável” no qual “Deus e César permanecem distintos, mas não opostos”. Na sondagem do La Croix, 59 por cento veem a Igreja como um “farol que mostra o caminho através da escuridão” da modernidade secular.

Raison du Cleuziou argumenta que a noção de que os políticos democráticos não têm o direito de interferir na “ordem natural” das coisas é central para a “contrarrevolução católica” contemporânea. E para ele as origens deste revanchismo na França residem no movimento Manif pour tous (“Demonstração para todos”) que, em 2012-14, levou milhares de pessoas às ruas para protestar contra o casamento gay.

Na Itália, os protestos do “dia da família” contra o casamento igualitário mobilizaram centenas de milhares de pessoas em Roma em 2016. Este ano, o governo de Meloni instruiu os presidentes das cidades a não emitirem certidões de nascimento que reconheçam casais do mesmo sexo como pais legais das crianças.

Em 2016, uma das ramificações do Manif pour tous, um grupo chamado Sens Commun, desempenhou um papel fundamental na nomeação do candidato a presidência francesa François Fillon. Exibindo sua própria fé, Fillon, cuja campanha mais tarde fracassou em meio a um escândalo financeiro, fez uma apresentação bem-sucedida do que os cientistas sociais Hervé Le Bras e Emmanuel Todd chamaram de forma memorável de “catolicismo zumbi” – um “agente estruturador na educação e na política” que continua a exercer influência apesar do dramático declínio da religião na sua “dimensão ritual”.

Da mesma forma, as incursões eleitorais do Vox na Espanha — que continuam a ser significativas a nível regional e municipal, apesar do desempenho decepcionante do partido nas eleições parlamentares de julho — não podem ser devidamente compreendidas sem prestar atenção ao aspecto religioso (especificamente católico).

Quando o Vox entrou pela primeira vez no Parlamento Europeu em 2019, por exemplo, não aderiu ao grupo Identidade e Democracia, ao qual pertencem o Rassemblement National, de extrema-direita, na França, e a Liga, na Itália. Em vez disso, juntou-se aos Irmãos da Itália no bloco Conservadores e Reformistas Europeus (CRE), ao lado do partido católico-nacionalista Lei e Justiça, no poder na Polônia.

A declaração de princípios e valores do CRE inclui um compromisso com a “importância da família” e com a “integridade soberana do Estado-nação, a oposição ao federalismo da UE e um respeito renovado pela verdadeira subsidiariedade”.

Os estudantes interessados na história política europeia do século XX notarão aqui uma rica ironia. A “subsidiariedade” – a ideia de que o poder deveria vir de baixo, das autoridades locais para as regionais, e daí para cima, para organizações supranacionais – foi um dos valores-chave da Democracia Cristã do pós-guerra. E esta foi uma ideologia política que procurou reconciliar o cristianismo (particularmente o catolicismo) com a democracia liberal, e não se opôs a ela, e que fez mais do que qualquer outra para moldar o projeto de integração europeia que os identitários católicos agora anatematizam.

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Liturgia

Os ritos tradicionais são uma necessidade

Os teólogos contemporâneos e muitos católicos fazem uma confusão tremenda entre o grau de pureza das eras antigas da Igreja e o grau de perfeição da Tradição.

A época apostólica e dos mártires tinha instituições mais sumárias porque possuíam, de modo geral, uma santidade mais perfeita, e porque não havia tempo. A Cruz estava marcada em seu coração e o Espírito iluminava e fortalecia frequentemente sua mente e vontade; o rito eucarístico e as fórmulas doutrinais podiam ser bem mais simples.

Os Padres possuíam uma inteligência mais mística dos mistérios, por isso sua teologia poderia apoiar-se em filosofias mais religiosas sem o rigor aristotélico (de índole platônica ou helenística); era uma época em que os sucessores dos Apóstolos (bispos) e dos mártires (eremitas e monges) viviam mais próximos dos paradigmas ideais.

Mas a teologia escolástica, apoiada numa filosofia mais científica (aristotélica), e as ordens mendicantes, adaptadas à vida citadina, representam a condição de uma vida cristã “normalizada” e voltada para as boas inteligência e virtude “médias”; por isso, constituem uma condição de certo modo “definitiva”, útil na paz e nas perseguições (nestas obviamente poderia faltar o Espírito das origens, mas isso nada obsta à excelência dos instrumentos teóricos e práticos legados pela Igreja medieval).

Nem é estranho que nessa condição “normal” tenham brotado as duas expressões máximas da sabedoria e do heroísmo cristãos depois da era apostólica: S. Tomás e S. Francisco, que tiveram ocasião de manifestar extensivamente a inteligência e a encarnação do mistério (de fazer o que Cristo e os Apóstolos fariam se não vivessem sob o peso da urgência e o risco de morte).

Para um santo bastam as palavras da consagração; para o cristão médio, os ritos tradicionais são uma necessidade. Mas o santo ainda assim preferirá a Missa tradicional como o bem comum e a expressão ritual perfeita de sua [da de Cristo a quem ele está conformado] vivência intensa da Cruz.

Para um místico, basta um versículo da Escritura ou a oração de Jesus; para o cristão médio, o entendimento da Vida de Cristo lhe será facultado pela Suma Teológica. Mas o místico não a desprezará, antes encontrará nela, de modo raciocinado, o que ele inteligiu compactamente, e isto será necessário a sua pregação.

A ideia de que se possa despojar a Igreja das riquezas acumuladas, como se fossem “peso morto”, e “voltar às fontes”, não é razoável e, a rigor, é orgulho: é pressupor a própria sabedoria e santidade (que só precisaria contar com meios mais simples), e é ainda pressupor a própria situação (imaginada) como regra para todos.

Só o santo volta à Fonte, mas ele ama o grande rio da Tradição, não pretende assoreá-lo.

Esse despojamento não é verdadeiro enriquecimento, não é obra da santidade. O protestantismo, intento de “cristianismo despojado”, tornou-se um cristianismo adequado ao mundo, mostrou a inviabilidade desse caminho. A nova teologia deveria ter aprendido.

– Joathas Bello

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Bíblia

Contradição no relato do suicídio de Judas?

Mateus XXVII, 5 diz que Judas se enforcou enquanto Pedro diz, em Atos I, 18, que ele caiu e suas entranhas se derramaram. Como conciliar o que parece ser uma aparente contradição?

Há duas maneiras possíveis de conciliar esses versículos:

[1] O propósito de Lucas em Atos pode ter sido simplesmente relatar o que Pedro disse num momento em que as informações que os Apóstolos tinham sobre a morte de Judas poderiam ser ainda incompletas. Depois que alguns dos sacerdotes do Templo se converteram (cf. Atos VI, 7), estes podem ter fornecido mais detalhes sobre a morte de Judas, detalhes estes que foram posteriormente incorporados aos relatos do Evangelho.

[2] Também é possível que após Judas se enforcar, após sua morte, a corda quebrou e ele caiu sobre as rochas, espalhando suas entranhas.

Com efeito, Mateus foca nas ações de Judas ao tirar a própria vida, enquanto Pedro foca no que aconteceu com ele após seu suicídio.

Fonte: Catholic Answers, This Rock Magazine, 2004; tradução: Carlos Martins Nabeto.