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Apologética

A autoridade do “ad hominem”

Reflexão recente do confrade Rui no nosso fórum:

Sto. Tomás diz, na Suma Teológica, que o argumento de autoridade (humana) é o mais débil de todos, com base em Boécio (Ia, q.1, a.8). No entanto, esse tipo de argumento ainda é muito usado na apologética.

Logicamente, se é débil ou muito débil, significa que não é nulo, ou seja, possui alguma força de convencimento, mas essa força de convencimento não é a mesma de um argumento lógico ou demonstrativo. Ele está baseado numa estima: se alguém de valor o disse ou o fez é porque pode ser verdade. O próprio discurso acadêmico está recheado de argumentos de autoridade.

Mas o argumento de autoridade não é infalível, nem decisivo. Por exemplo, ainda que Lutero, Calvino “et caterva” fossem todos excelentes e mui nobres homens, ainda caberia o fato de se analisar a sua doutrina à luz do que prega a Santa Igreja. Por isso, São Paulo diz: “ainda que alguém – nós ou um anjo baixado do céu – vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema” (Gl 1, 8).

Se isso vale em sentido positivo, é lógico que também vale em sentido negativo: ainda que Alexandre VI tenha sido um mau Papa, isso nada depõe contra a doutrina católica.

O argumento de autoridade deve ser usado com precaução. Já ouvi falar de casos de conversão de todos tipos: de padres que se converteram ao budismo e ao islamismo (claro que não sei as exatas circunstâncias desses casos particulares), tanto quanto de judeus que se tornaram teólogos católicos eminentes na Espanha medieval. Sempre haverá quem irá tentar desqualificar essas conversões, mas não creio que seja esse o caminho para rebater esse tipo de argumento.

Para o sofista, os caminhos são infinitos, e sempre haverá pessoas inteligentes que se deixem levar pelos argumentos mui meticulosos, mas que, no fundo, sabemos que são sofismas, e escrevendo tratados mais densos que a Suma Teológica no desenvolvimento desses sofismas.

Assim sendo, não vejo como um caminho apologético convincente a disputa de quem converte mais ou mais qualificadamente, se a Igreja Católica ou as seitas. Nos tempos do acesso instantâneo à informação, por meio da Internet, parece estar havendo um maior dinamismo na maneira como as pessoas recebem e assimilam as informações. Assim, seguidores do protestantismo, do candomblé, do ateísmo, da quimbanda, e até católicos crescem na medida em que crescem as disputas entre influenciadores digitais.

A apologética deve, atuando como um convite, promover o encontro da razão humana individual com a verdade por ela buscada, prevenindo-a de sua própria vaidade e de se deixar arrastar por esta ou aquela moda. Deve mostrar como essa verdade identifica-se perfeitamente com a catedral intelectual e espiritual desenvolvida ao longo dos séculos por tão excelentes sábios, como foram os Padres da Igreja e os teólogos da escolástica, em concordância absoluta com a razão natural e a Revelação divina, tão necessária para que a humanidade possa, de fato, atingir seu fim sobrenatural.

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Apologética Crise Eclesiologia

Crescimento da Igreja na Coreia do Sul

O crescimento da Igreja na Coreia do Sul, relatado no vídeo abaixo, para mim, demonstra que as raízes dos problemas eclesiais no Ocidente não podem ser explicados apenas como uma consequência do Vaticano II ou da “reforma litúrgica”:

Notem que as mulheres mantiveram o costume de usar o véu.

OBS:

1) Essa reportagem me lembrou uma religiosa, beneditina missionária, de origem coreana que conheci no começo do século. Foi a religiosa mais comprometida com sua vocação e com a evangelização com quem já topei; recordo dela tentando diferenciar o vos do vós nos textos em português da Liturgia das Horas e de sua presteza em ensinar música para seminaristas vindo dos sofrível sistema de ensino de nosso país. Se muitos coreanos forem como ela (e parece que é assim), temos um claro sinal de que a saga da Igreja nesta terra de exílio ainda tem muitos “episódios antes do fim”.

2) Recentemente li alguns textos sobre o ambiente religioso da Coreia no período anterior à II Guerra, em especial no que é hoje a Coreia do Norte. É interessante que do lado protestante se fala em algo semelhante ao que ocorreu nos EUA durante o nascimento do neopentecostalismo e do lado católico havia a face mais organizada a vibrante da Igreja. Ficaram dúvidas em minha alma: será que a implementação do comunismo nessa região não é uma obra feita de propósito para barrar a propagação do Evangelho? Será que o próprio governo da Coreia do Norte, ao perseguir os cristãos e ao incentivar o culto pagão a seus ditadores, não faz isso porque sabe que na alma do povo há uma tendência à conversão ao Evangelho que só precisa ser alimentada?

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Apologética

Protestantes sionistas: por que isso existe?

É fácil entender a idolatria que os evangélicos possuem pelo estado de Israel. A religião protestante não possui nenhum símbolo cristão neotestamentário. Os símbolos históricos do cristianismo estão com o catolicismo e com a Igreja Ortodoxa. Eles não possuem crucifixo, imagens sacras, peregrinação em alguma igreja onde os restos mortais de um mártir ou apóstolo estão enterrados, etc.

Ou seja, nada existe de simbólico entre as seitas evangélicas e o cristianismo histórico. Não possuindo nada do cristianismo primitivo eles passaram a disseminar os mitos judaicos da fundação do recente Estado de Israel. Muitas igrejas são judaizantes e guardam o sábado e leem o Antigo Testamento em uma tentativa de criar um vínculo entre sua religião e o livro sagrado.

Sabemos que os evangélicos não possuem nada que veio dos apóstolos de Jesus Cristo e que esse Estado de Israel não é o Reino de Israel da Bíblia.

Mas eles gostam de enganar e serem enganados….

Gabriel Martins

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Apologética Contrarrevolução História

Ao lado do Pe. Pro

Luis Segura Vilchis – um membro proeminente da Associação Católica da Juventude Mexicana – enfrentou um pelotão de fuzilamento, com o corpo do padre Miguel Agustin Pro Juarez deitado ao lado dele, numa execução ordenada pelo regime revolucionário mexicano, odiador de católicos, maçônico e pró-comunista, em 23 de novembro de 1927.

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Apologética Humor

A “lógica” do ateu

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Apologética Ciência

A singularidade gravitacional e a simplicidade divina

Texto do confrade Carlos Ribeiro, publicado originalmente no nosso fórum.

Entre 0:34 e 1:24 desse antigo trecho de uma aula, o prof. Sidney Silveira diz que a melhor forma gráfica de representar Deus é um ponto (tudo simultâneo; uno e indiviso; simples, sem composição).

Sempre gostei dessa representação, e recentemente estive pensando que Deus colocou um vestígio disso na Criação:

A singularidade gravitacional de um buraco negro é um ponto no qual a curvatura causada por sua massa é infinita.

Ademais, a hipótese do átomo primordial, proposta pelo Pe. Georges Lemaître, prevê que, no início do Universo, toda sua matéria estava contida em uma singularidade, um ponto de densidade infinita.

Por fim, as estrelas sempre foram uma representação dos anjos. Atualmente se diz que várias galáxias possuem um buraco negro supermassivo em seu centro, em torno do qual as estrelas orbitam.

Gustave Doré, p.ex., pintou assim uma imagem dos anjos em volta de Deus (ilustrando o Paraíso de Dante), numa época em que se pensava que as galáxias fossem nebulosas:

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Apologética

Orações repetidas e o Rosário

Questão feita à This Rock Magazine em 2004 e traduzida por Carlos Martins Nabeto, com nova sistematização dos trechos bíblicos segundo a tradução da Vulgata de Matos Soares feita por mim:

PERGUNTA: Um amigo meu afirma que em Mateus VI, 7 Jesus condena as orações repetitivas, provando assim que é errado rezar o Rosário. Como devo responder?

RESPOSTA: O seu amigo leu a passagem um pouco rápido demais. Jesus não está condenando as repetições na oração; o que Ele está condenando é a oração vã.

Quando Jesus disse: “Não queiras usar muitas palavras, como os pagãos, pois julgam que, pelo seu muito falar, serão ouvidos” (Mateus VI, 7), Ele estava se referindo a uma crença pagã, de que um deus não ouviria a oração, exceto se fosse empregado o título correto, sendo que esse título mudava todos os dias. Dessa forma, os pagãos iniciavam suas orações empregando todos os títulos que podiam imaginar, para ter certeza de que suas orações seriam ouvidas (p.ex.: “Ó Grande Zeus, Ó Mestre de Olímpia, Ó Grande Pai Zeus”…).

Jesus nos diz que isso é vão porque deuses pagãos não existem e quando oramos ao [verdadeiro] Deus, Ele escuta todas as nossas orações. Não precisamos assim nos preocupar em obter o título correto.

Na verdade, as Escrituras nos dão muitos exemplos de orações repetitivas. Por exemplo, em Mateus XXVI, 36-46, Jesus faz a mesma oração três vezes. Em Apocalipse IV, 8, quatro seres viventes estão ao redor do trono, e dia e noite não cessam de dizer: “Santo, Santo, Santo, o Senhor Deus Onipotente”. E há ainda o cobrador de impostos, em Lucas XVIII, 9-14, que bate repetidamente no peito e ora: “Meu Deus, tem piedade de mim pecador!”

E não devemos esquecer Lucas XI, 1-4, onde Jesus nos ensina como orar: a Oração do Senhor. Visto que a maioria dos cristãos reza o Pai Nosso de vez em quando, então todos eles são “culpados” por orações repetitivas. Porém, não é uma oração vã, afinal estamos apenas fazendo o que Jesus nos ensinou.

Na verdade, qualquer oração pode ser feita em vão. O que torna uma oração eficaz é a atitude do coração (cf. Catecismo da igreja Católica, parágrafo 2559). E, lamentavelmente, “se o nosso coração está longe de Deus, as palavras da oração serão em vão” (Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 2562; cf. Mateus XV, 8-9).

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O Diálogo das Carmelitas

Hoje a Igreja faz memória das carmelitas de Compiègne, martirizadas durante a Revolução Francesa, e, por isso, trago aos leitores uma joia rara: o filme Diálogo das Carmelitas (em espanhol, 1960), baseado na peça de Bernanos.