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Os sinos se calaram

Os sinos tiveram uma função religiosa, social e poética na segunda metade do século XIX e princípio do XX. Os campanários embelezavam as igrejas e retratavam fortes simbologias. O dobrar dos sinos anunciava: festas extraordinárias, ação de graças, missas, trovoadas, aniversários, casamentos, incêndios… E mortes. E enterros. Partituras em dó, em mi, em sol. Os sinos não se calaram. Ainda ressoam clamando misericórdia.

– Fátima Quintas (O Recife de ontem – Jornal do Commercio 06/06/12)

É interessante como essa variedade de toques de sinos se perdeu. Já ouvi falar que aqui na Arquidiocese de Olinda e Recife só na paróquia da ilha de Itamaracá ainda sabem qual a nota de cada tipo de toque.

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Mario Ferreira dos Santos: a incredulidade moderna

O filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos expõe suas preocupações quanto à incredulidade moderna, o ceticismo e o abandono dos ideais que matam o interior do homem. Se já era assim no tempo dele, onde havia uma avalanche de informações provocadas pelos periódicos, que se dirá do mundo atual, inundado pelo uptodate da internet?

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Pena de morte no Japão

Ontem li no jornal uma notícia bem curiosa sobre a aplicação da pena de morte no Japão:

Três homens condenados à morte por vários assassinatos foram enforcados ontem no Japão, nas primeiras execuções conduzidas pelo Estado japonês em mais de 18 meses. Um dos condenados foi sentenciado por ter jogado um automóvel contra uma plataforma de estação de trem e depois ter saído do carro e esfaqueado pessoas que estavam perto, matando cinco, em 1999. Outro sentenciado matou duas pessoas em 2001. O terceiro assassinou três pessoas em 2002. A imprensa japonesa diz que eles foram enforcados em prisões diferentes. O ministro da Justiça, Toshio Ogawa, disse que teve apoio popular. Há 132 condenados à morte no país esperando o cumprimento da sentença.

Em geral não pensamos no Japão como um país que aplica a pena de morte, e isso prova que não se tem de viver sob um governo ditatorial (China) ou num contexto de cultura do espetáculo (EUA) para que ela faça sentido. A doutrina católica, ao contrário do que dizem muitas pessoas (inclusive bispos) não é contra a pena de morte, só indica que ela deve ser aplicada com comedimento e circunspecção.

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Twelve propositions on same-sex relationships and the church

Twelve propositions on same-sex relationships and the church

Um texto bem corajoso. Não concordo com a conclusão, mas os argumentos são realistas e honestos.

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Superpopulação

Nas últimas semanas, quando supostamente a população da Terra atingiu 7 bilhões de habitantes, os defensores do controle populacional voltaram a descarregar seus argumentos na mídia, e, por isso, posto aqui o seguintes vídeos (com legendas) que tratam dessa questão:

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Quando as prostitutas rezavam…

A Semana Santa está chegando e, mais uma vez, o resultado da desastrosa falta de respeito pelo sagrado que tomou conta de nossa sociedade (e vai matá-la), faz-se presente. As pessoas acham que nesta época do ano temos um “feriado”… realmente, é o fim da picada. Aqui em Pernambuco uma cidade serrana próxima a Recife (Gravatá) se tornou um pólo de “diversões” durante o Tríduo… Bem, para refletir posto hoje um artigo de 2010 do bispo anglicado D. Robinson Cavalcanti, que mostra como mesmo um não-católico pode condenar a mudança cultural das últimas décadas.

Quando as prostitutas rezavam…

Quando da minha infância, nos anos 1950 a Semana Santa era formada por dias santos e não por feriados. Na Sexta-feira, os trens, da concessionária inglesa Great Western não trafegavam por esse Nordeste de meu Deus. As emissoras de rádio (não havia televisão por aqui) somente tocavam músicas clássicas e músicas sacras. Os cinemas (nossa principal diversão) apenas exibiam películas de cunho religioso. Havia uma generalizada atmosfera de reverência, e as marcas de religiosidade de nossa cultura eram evidentes. Gastronomicamente, somente comíamos peixe, que eram deliciosamente cozinhados dentro das tradições regionais. As procissões grandemente concorridas, com todos os seus desvios para a ótica protestante, eram plásticos, emocionados e emocionantes espetáculos de fé.

O prostíbulo da nossa cidade (União dos Palmares, Alagoas) tinha a sua “zona do baixo meretrício” localizada na área denominada de Alto do Cruzeiro (depois de removida do perímetro urbano do “Jatobazinho“). Pois bem, naquele tempo (segundo depoimentos fidedignos dos aficionados) não havia dinheiro que fizesse as hoje politicamente denominadas de “trabalhadoras do sexo” atuarem em seus ofícios, antes, contritas, e com a cabeça coberta com um véu, compareciam à missa das 6h (menos concorrida do que a mais popular e mais burguesa missa das 9h) e acompanhavam devotas a Procissão do Senhor Morto.

Lembrei-me dessas coisas em nosso tempo secularizado, em que os bares e restaurantes estão cheios, no lugar do peixe algum Mac-alguma-coisa, e as prostitutas atuais (profissionais, amadoras ou semi-profissionais) não mais abandonam o batente para rezar.

É claro que o Secularismo tem raízes mais profundas no Ocidente, em que, ao contrário de muitos países, os Estados Unidos nunca tiveram como feriado a Sexta-feira da Paixão, com sua origem puritana-congregacional, que terminou, por seus descentes, facilitando a secularização.

Quando criança, fiquei chocado no Recife (bairro de Casa Amarela) quando uma Igreja Batista, em uma agressão cultural, e uma burrice evangelística, promoveu em seu amplo pátio um festivo churrasco de carne de porco na Sexta-feira Santa.

Essa semana, os profissionais que estiveram na coletiva de imprensa com os atores da “Paixão de Cristo”, em Nova Jerusalém, PE, voltaram escandalizados com a irreverência, o deboche e o estado de alta ingestão etílica de muita gente no elenco, um verdadeiro balde de água fria após o “enlevo” do espetáculo.

Nesse sentido, o mundo mudou para pior. Como sexagenário evangélico/anglicano, continuo a levar a sério a Semana Santa, a não comer carne da quarta-feira ao sábado e a ter saudades dos velhos bons tempos em que até as prostitutas rezavam…