Categorias
Apologética Crise Liturgia

O deus das surpresas vs. a Tradição no Lava Pés

Texto original: Athanasius Contra Mundum

Publicação: Pela Fé Católica

****************

chartres_saint-aignan96

Hoje mesmo, a Congregação para o Culto Divino, devido à ordem do Papa Francisco, decretou que as mulheres podem ser incluídas no Mandatum, que é a cerimônia do lava pés que ocorre na Quinta-feira Santa, para observância neste ano. Assim, o deus das surpresas veio visitar-nos apenas a tempo para Septuagésima e o início da Quaresma.

Categorias
Ética e moral Crise Eclesiologia

Questionar não é desobedecer

obedienciaRecentemente fui novamente alvo de perguntas sobre a raiz do movimento tradicionalista  e se nela não estava embutida uma desobediência crônica. Eu até admito que concretamente a desobediência se tornou o prato do dia de muitos grupos, mas na base do tradicionalismo o que está presente é o questionamento. Questionar não é o mesmo que desobedecer.

Categorias
Crise

Conversão X Ecumenismo

12439020_1797360247157817_5306146415468194857_n

Os últimos pronunciamentos romanos e, mais recentemente, o vídeo do Papa Francisco sobre suas intenções para este mês, deixaram alguns perplexos.

Sedevacantistas, ignoram-no completamente.

Tradicionalistas, discursam o “eu já sabia”.

Neoconservadores, calam-se. Não há como defender o indefensável.

Progressistas, louvam e se entusiasmam.

Mas, o fiel médio, como fica nisso tudo? Qual a doutrina da Igreja a esse respeito? Este texto, tradução de um publicação do Rorate caeli, pode ajudar a guiar algumas almas que estão como que sem pastor. Resistamos porque sabemos que quando o Pastor é ferido, as ovelhas tendem a se dispersar (cf. Mt 26,31).

Categorias
Crise Eclesiologia

Vocação dominicana

Trechos de um vídeo vocacional dominicano de 1964. Quanta diferença do que temos hoje!

Categorias
Crise Eclesiologia

Por que muitos tradicionalistas temem o sedevacantismo?

Eu não sou sedevacantista e nem considero o Varticano II algo necessariamente negativo e causador, em si mesmo, da crise que vivemos, mas, desde os tempos do finado Orkut, sempre procurei compreender o sedevacantismo de uma forma neutra, tomando-o como um fenômeno sociológico-eclesial com que se tem de lidar de maneira adulta e não com uma rejeição preconceituosa. Por isso, escrevi o conhecido Catecismo sobre o sedevacantismo e vez ou outra publico algo relacionado a essa tendência.

Categorias
Crise Teologia

O papel da intenção do ministro na validade sacramental

Estudo do confrade Karlos Guedes:

sacramentos 2Existe uma querela no meio tradicionalista sobre a validade dos Sacramentos realizados segundo o rito novo. Os argumentos são de todos os níveis, abrangendo desde os signos sacramentais até a intenção do ministro.

Este texto visa discorrer um pouco sobre a influência da intenção do ministro para a validade sacramental porque julgamos ser o critério mais difícil de analisar. De fato, os signos sacramentais são por demais objetivos para razoavelmente se ter alguma dúvida sobre eles e, por isso, a certeza da validez por estes critérios é mais evidentemente percebida. Quando se trata da intenção, porém, vários obstáculos aparecem, tornando, sob este aspecto, o problema com uma solução não tão evidente.

Categorias
Contrarrevolução Crise Política

Cristo Rei

Conferência realizada por Professor Carlos Nougué sobre Cristo Rei na Capela Cristo Rei em Ipatinga – MG (discordo de muitos pontos, mas no geral essa palestra está muito boa).

Categorias
Crise

Pregação Nova, por Rachel de Queiróz

Indicação feita pelo confrade Cláudio:

A gente pensa que o povo é indiferente. Na verdade, o povo pode estar desinteressado, o que representa coisa muito diversa. Mas traga-lhe um recado que ele compreenda, diga-lhe coisas que ele goste de ouvir, e imediatamente se verá o quanto o povo se interessa e pode sair da sua aparente apatia.

Religião, por exemplo. Não quero discutir os motivos, se os padres são poucos e as paróquias enormes, se os clérigos, preocupados com os grandes problemas internacionais, se desinteressam do simples apostolado aos analfabetos – se é um motivo, se é um complexo deles; o que eu sei é que a presença da Igreja Católica cada vez e faz sentir menos nas plagas rurais nordestinas. E o povo cada vez mais se mostra distante, casa indiferentemente no padre ou civil, aliás prefere o civil, que sai mais barato. E com a voga da exigência do registro civil para fins de previdência social, já procuram mais fazer o registro dos filhos do que o batismo: um até me disse, brincando, que “o registro é o batizado do governo“.

E assim, enquanto a Igreja cada vez mais se imobiliza e distancia no seu papel de establishment espiritual, no vácuo por ela deixado, os protestantes se introduzem, tal como os umbandistas, nas áreas urbanas, conquistando assombrosas massas de adeptos.

E acontece então uma coisa surpreendente: aquela gente imóvel, fatalista e indiferente que não faz mais sacrifícios para ir a uma Missa, que nasce, vive e morre sem conhecer a letra do Catecismo; que dos Sacramentos mal e mal recebeu o Batismo, (não se crisma, não se confessa, não comunga, não se casa, não se ordena, e nem sabe sequer que mudaram o nome à Extrema Unção), essa mesma gente cuja apatia religiosa os senhores Bispos atribuem à demora da Reforma Agrária – se atira com um entusiasmo inesperado à pregação religiosa dos “crentes”. São “conversões” em massa, parece coisa do tempo dos primeiros cristãos. Onde surja um pastor pregando seu Evangelho, o povo o cerca, o escuta, o acompanha. Vai debaixo de chuva, depois dos duros dias de trabalho na terra, por lama e maus caminhos, assistir aos cultos. Os pregadores, que em geral sabem apenas o suficiente para ler e mal a Escritura, interpretam a lei a seu modo, produzindo um cristianismo primitivo, simplificado, injetado de reminiscências afro-ameríndias, ou de pequenas inoculações kardecistas.

Mas o fato é que arrastam multidões. Aqui na fazenda, cerca de 60% dos moradores são “crentes”, já se batizaram nas águas do rio, e seguem escrupulosamente as regras da nova fé, com o conhecido ardor dos neófitos. Os homens não bebem, nem jogam, ninguém fuma, não brigam, as moças não vestem roupas escandalosas. Modifica-se o tradicional falar sertanejo, já não se tratam de compadres, mas de “irmãos”; quando batem à porta não dizem mais “ô de casa!” mas “A paz do Senhor!”. Não falam mais em Nosso Senhor, Nossa Senhora, mas só em Jesus. Acabou-se o culto a Maria. Desfazem-se dos registros dos santos – até das imagens do Padre Cícero.

Agora mesmo, são seis da tarde, o pastor Luís fez duas léguas para vir “pregar aula de oração” e de longe escuto o som dos hinos ensaiados, A cozinha, que sempre pulula de mulheres, está de fogos apagados, e fui discretamente avisada que há frango frio, leite gelado, doce, queijo e frutas, e devemos nos contentar com isso para o jantar. e a cozinheira, chefiando o bando de catecúmenos, antes de partir me consola dizendo que “Vão rezar para eu também receber Jesus”. Amém

(O Jornal, 13/05/1973)