Se a fumaça representa a oração, o turíbulo representa o coração do homem. O coração do homem deve ser, como o turíbulo, aberto no alto e fechado embaixo, isto é, aberto para as coisas do alto e fechado para as coisas terrenas. O coração do homem deve estar aceso com o fogo da caridade para poder agir sempre em direção ao alto, como no turíbulo aceso com carvão, a fumaça se dirige sempre para o alto. A fumaça é símbolo da nossa oração e das nossas ações, que devem ter sempre por finalidade o céu, superando todos os obstáculos para alcançá-lo, a exemplo da fumaça que sai do turíbulo, que sempre se dirige para o alto, apesar de todos os obstáculos.
Categoria: Espiritualidade
Texto do confrade Karlos:
Cada vez mais eu percebo a grande verdade ensinada pelo Padre da Igreja Santo Agostinho. De fato, há duas cidades: a cidade terrestre e a cidade de Deus, pois “dois amores erigiram duas cidades, Babilônia e Jerusalém: aquela é o amor de si até ao desprezo de Deus; esta, o amor de Deus até ao desprezo de si” (Santo Agostinho, A Cidade de Deus, 2, L. XIV, XXVIII).
A Igreja propõe-nos um tempo de preparação à Quaresma, a fim de que os jejuns e as penitências não nos apanhem desprevenidos: o Tempo da Septuagésima. Assim faz a Jerusalém; assim faz a cidade de Deus; e assim devem fazer seus cidadãos.
O mundo, contudo, nos impõe as prévias, uma época de preparação para o carnaval, em que tudo se inebria e para de funcionar como deveria, às vezes até levando a prejuízo em vários graus. Assim faz a Babilônia; assim faz a cidade terrestre; e assim seus cidadãos.
Parece ser nesta época que se acirra enormemente as duas facções e depressa nos vem à mente as palavras do Senhor: “Não podeis servir a dois senhores” (Mt 6,24).
Católicos, escolhamos corretamente, pois devemos adorar o Senhor Deus, e só a Ele servir (cf. Dt 6,13).
Texto do confrade Karlos Guedes:
O dia amanheceu nublado. Parecia que as trevas da noite não queriam se romper com o raiar do sol…
Mas por quê? Por que hoje foi diferente? Hoje, como todos os dias, a Terra está presa ao Sol; as coisas são atraídas para baixo; as estrelas não caíram da abóbada celeste; pessoas se magoam, se alegram, nascem, morrem…
Sim, a morte! Infelizmente para os que ficam. Feliz para quem se vai, pois é assim que se chega à vida eterna.
E hoje, nosso Senhor chamou para seu refrigério a minha Titi… Soube quando acabara de acordar e estava me arrumando para dar aula.
Ela que, com certeza, é uma das pessoas que mais me ama.
Ela que ajudou na minha criação.
Ela que, o mais importante, me ajudou na minha formação religiosa!
Sou católico por causa de muitas pessoas, mas certamente ela é uma das mais culpadas! Quantas vezes não me levou à Missa mesmo cansada dos afazeres domésticos, só porque eu pedi para “que essa vontade que ele tem de ir à igreja não esvaneça”.
A ela eu chamava de terceira mãe. Sim mãe não da carne, mas da fé!
Sofreu pela doença; mas que seria curada antes do Natal! Outro fator a levou.
Que seus sofrimentos tenham lhe servido de satisfação pelas penas dos pecados, Titi. Que esteja no paraíso, como o senhor diácono rezou: “Que os Anjos te levem e os mártires acorram ao teu encontro e te conduzam à cidade santa. Que o coro dos Anjos te preste homenagem”.
São José, patrono da boa morte, rogai por ela e agradecemos a ti por tê-la feito passar a páscoa durante o sono.
Tão repentina a morte que não a visitei ontem, como pretendia; tampouco chamei um padre para aplicar-lhe os últimos Sacramentos. Deus me perdoe a displicência!
Interceda por nós aqui na Terra, Titi, principalmente por sua irmã, minha avó, para que tenhamos fé e não desvaneçamos agora.
Para nós que ficamos nos resta o consolo da Santa Religião que nos dá a esperança da ressurreição: “Aqueles, contristados pela certeza da morte, sintam-se consolados com a promessa da futura imortalidade. Para os vossos fiéis, Senhor, a vida é transformada, não tirada; e, destruída a morada desta habitação terrestre, está preparada uma habitação eterna nos céus” (cf. Prefácio dos Defuntos).
Resquiescat in pace.
Texto do confrade Karlos:
Todos os Santos de Deus, rogai por nós.
A Santa Igreja determinou que seus filhos celebrassem os Santos. Mas que Santos celebramos hoje? O grandioso exército dos santos anônimos, que não foram canonizados e muitas vezes desconhecemos.
Claro que existem aquelas pessoas em nossas vidas que temos certeza que gozam da visão de Deus, nosso Senhor, e, mesmo assim, não foram canonizados.
Ser Santo, neste sentido que a Igreja nos propõe, é gozar da visão de Deus. De fato há vários irmãos nossos que apenas Deus conhece a devoção (cf. Canon da Missa, oração Memento [dos vivos]) e o número, cuja vida agora é estar na presença da preclara majestade de Deus.
A Santa Igreja, pois, não vê como suficiente a honra feita aos canonizados, mas vê como necessária e útil a nós. A Esposa de Cristo impõe-nos que essa honra se dê a esses Santos pela Missa, pois quando exaltando seus méritos, exaltamos os dons divinos (cf. Prefácio dos Santos e Patronos).
Essa festa é-nos necessária porque nossa homenagem lhes serve de honra e, por outro lado, eles se dignam a interceder por nós a nosso Senhor (cf. Oração Suscipe, Sancta Trinitas – Ordo Missæ).
Essa festa ainda é-nos útil porque nos Santos temos o exemplo de conduta, a união na Comunhão dos Santos, a esperança de um dia, como eles, mesmo nos faltando aquela virtude em grau heroico, nos juntarmos a louvar o Senhor, como são Gabriel que «assiste diante de Deus» (Lc I,19) e recebermos a coroa da glória (cf. Prefácio dos Santos e Patronos).
Assim, tendo tão numerosos patronos, passemos com parcimônia pelas agruras do século.
Por fim, admiti, ó Santos de Deus, que nossos louvores se juntem aos vossos a fim de que o Senhor Se digne atender-nos. Amém.
Requiem æternam
Texto do confrade Karlos Guedes:
Requiem æternam dona eis, Domine.
É assim que se inicia a Sagrada Liturgia do rito gregoriano. E é assim que gostaria de iniciar minhas postagens!
Depois que a Santa Igreja comemora todos os Santos de Deus, ou seja, a Igreja Triunfante, ela achou por bem agora comemorar a Igreja que padece. Mui feliz é a figura acima, que orna o folheto do próprio da Missa que preparamos aqui em Recife. Ela nos mostra as almas sedentas por Deus, nosso Senhor, e que, segundo as disposições próprias conseguem exaurir essa aridez na Santa Missa. Claro que toda a Santa Missa obriga a Deus a derramar suas graças de misericórdia (não apenas sobre os irmãos no purgatório, mas em todo o mundo), contudo neste dia de hoje, toda a Sagrada Liturgia eclesiástica se volta a esse fim.
Sim, Senhor, dai-lhes o descanso. Já se cansam em sofrer para espiar as penas temporais devido aos pecados. O Cânon da Missa nos diz como se dará esse alívio: «a todos os que em Cristo repousam, o lugar de refrigério, de luz e de paz, prestai indulgente, deprecamos. Pelo mesmo Cristo Senhor nosso. Amém» (Oração Ipsis, Domine). Rezemos àqueles que repousaram no Cristo, pois os que, infelizmente, não o fizeram não podem receber a úbere misericórdia de nosso Deus.
Portanto, Senhor, prestai a essas almas, a esses nossos irmãos, o lugar de refrigério, luz e paz, que nada mais é que está a vosso lado, na glória celeste, fim a que todos almejamos!
Et lux perpetua luceat eis.
Texto do confrade Carlos Ribeiro:
A vida nova em Cristo nos faz morrer para o mundo e nascer na e pela graça.
É no Santo Batismo que recebemos o Espírito Santo de Deus para nos mover à caridade de Cristo e nela perseverarmos. Sendo, pois, o melhor meio de não nos opormos a essa graça, colocarmo-nos diante dAquela que melhor agradou a Nosso Senhor: a Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, que mereceu ex congruo o que Cristo mereceu ex condigno – por obediência ao Pai e por amor a nós – no Santo Sacrifício da Cruz.
O santo devoto Luís Maria Grignion de Montfort nos apresenta como a alma se deve colocar diante de Maria SS. para melhor agradar Seu Divino Filho: consagrarmo-nos a Jesus Cristo, pelas mãos puríssimas de Maria.
Sentinelas da noite
Um magnífico documentário que mostra a vida dos monges beneditinos do Barroux, um mosteiro francês que surgiu no meio da luta da resistência ao caos pós-Vaticano II e que até hoje cultiva a liturgia e a disciplina tradicionais da Igreja no Ocidente.
O documentário é em francês com legendas em inglês.
Origem do Angelus
A base que formou o que hoje chamamos Angelus vem de tempos imemoriais e, tem relação com a crença de que a Anunciação se deu a tarde.
Vou analisar essa prática de um ponto de vista natural.
Podemos dizer que o Angelus é a prática de comemorar o mistério da Encarnação recitando certos versículos, 3 Ave-Marias e uma prece especial quando o sino toca 6, 12 e 18 horas. Mesmo tendo uma origem obscura, é certo que os vários momentos previstos para o Angelus não se desenvolveram ao mesmo tempo.
Embora nenhuma conexão direta possa ser feita entre o Angelus vespertino e o toque de recolher que os sinos davam antigamente (hoje, o mesmo horário é a hora de sair ), considera-se que Gregório IX prescreveu tal toque para lembrar os católicos de rezar pelos cruzados. Em 1269 São Boa Ventura advertiu seus frades a exortar os fiéis a imitarem o costume franciscano de recitar 3 Ave-Marias quando o sino tocava ao entardecer. João XXII ligou uma indulgência a essa prática em 1318 e 1327.
O Angelus da manhã derivou do crescimento, no século XIV, do costume monástico de recitar 3 Ave-Marias no toque para as Primas.
O Angelus do meio-dia originou-se da devoção da Paixão, que levava ao toque de sinos ao meio-dia das sextas-feiras; também é associado a orar pela paz. A prática foi primeiro mencionada no Sínodo de Praga em 1386 e estendida a toda a semana quando Calisto III, em 1456, convidou todo o mundo a rezar pela vitória sobre os turcos.
O século XVI viu a unificação dos três costumes. Bento XIV, Leão XIII e Pio XI indulgenciaram a prática: 10 anos a cada período de recitação e uma plenária a quem recitá-lo diariamente por um mês (tocando sino ou não).